Coluna Capricho


Quando eu era bem pequena, perguntei: “mãe, onde é que fica o futuro?”. Ela respondeu: “futuro não é um lugar, meu bem!”. Dei de ombros e continuei brincando de boneca sem entender direito o significado daquela palavra que os adultos gostavam tanto de falar. Criança é curiosa, mas tem prioridades: diversão. 
Nas provas de português do colégio, o “futuro” apareceu só pra complicar minha vida. Modo verbal? Indicativo, imperfeito ou mais-que-perfeito? Socorro! A professora era gente boa, grande tia Sônia, mas eu não conseguia entender o porquê de complicarem algo que era tão simples. E o pior, me obrigarem a saber tudo aquilo pra finalmente (e ironicamente) chegar no futuro. Bang. Ele de novo.
Algum tempo depois o dicionário me ensinou que futuro nada mais é do que um intervalo de tempo que se inicia depois do presente e não tem um fim definido. Ou seja, escolha o seu curso na faculdade antes que o ensino médio termine. É o seu futuro que está em jogo. Ah, e sabe o que também não tem fim? As possíveis matérias que podem cair no vestibular. 
A rotina de trabalho é cansativa e o horário do recreio só começa na sexta. Tudo bem. Pelo menos ainda temos as férias, certo? Quase. Quando eu disse (notem que eu não escrevi pedi) que iria viajar com uma amiga em julho do ano que vem, adivinhem só, minha mãe me mandou pensar no… sim, ela me mandou pensar no futuro. Guardar grana para os dias que estão por vir. Mas julho ainda está por vir, certo? Comprei a passagem mesmo assim. Adolescente é pobre, todos sabem, mas também é teimoso. Tchau, porquinho!
Não tem como fugir do futuro. Ele tá sempre com a gente, repararam? Após cada palavra que dizemos, escolhas que fazemos e principalmente nas pequenas atitudes do cotidiano. Tá bom, vai. Às vezes, mesmo com todo o esforço, o universo não colabora. O cara não liga. Nossos pais se separam. Alguém importante morre. Nossa melhor amiga nem se importa. A roupa não serve mais. Chove bem no dia. Traem nossa confiança. Mas não é sobre o que aconteceu há dois minutos ou dois meses. É sobre o que nós faremos em seguida.
Eu diria que minha mãe estava errada quando disse que futuro não é lugar. É sim. E fica bem ao lado da felicidade. É só acreditar, mirar e continuar seguindo em frente. Vamos?
Sobre a autora: Bruna Vieira, 19 anos. Dona do blog Depois dos Quinze, escritora e colunista da Capricho

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.