A copa e a capa

Uma parte do título eu já sei o que vou dizer: a Copa. A segunda parte entrou de gaiata: a capa. Sobre a Copa, a principal notícia foi a morte de Beline, capitão da Copa que dispensa a capa.
Então combinemos. A Copa será tratada como evento respeitável, até por respeito à memória do meu time de botão, cujo destino fervilha a memória e não consigo encontrar. Onde o deixei? Onde o perdi? O último torneio, nem sei se venci ou se fui vice, destino futuro daquela cruz de malta que tanto maltrata a saudade do time de Beline. Mais Ita, Paulinho e o próprio. Écio, Orlando e Coronel. Sabará, Almir, Vavá, Roberto Pinto e Pinga. O de botão era esse; não tinha reservas.
E a capa? Sob a chuva ácida do desgoverno; sem saúde, sem segurança, sem educação, não há capa que nos proteja. Só a mudança do tempo, do acesso ao poder das gerações futuras. Hoje, nem quem está no poder nem quem quer seu lugar. Os testados do presente e os conhecidos do passado. O futuro ainda está excluído das próximas eleições. É o ontem contra o anteontem.
Porém, entretanto, mas porém, como diria Zé Limeira, é preciso ter cuidado com as salvações fascistas que começam a sair da toca. É melhor e mais seguro, para o país e para a liberdade, fugir dos “salvadores”. As últimas “salvações” produziram uma ditadura nojenta de vinte anos e depois o governo lamacento de Collor.
Os mesmos de sempre. São valentes na hora da liberdade plena, ao mostrar soluções mágicas. Arautos da mentira e do embuste. Na hora das ditaduras ou do escuro autoritário, eles se aliam à nojeira ou põem o rabo entre as pernas.
A História os conhece muito bem. Não caiamos nos seus encantos; milagreiros oportunistas a oferecem brechas à escuridão. Apontam o dedo acusador com críticas procedentes, mas o futuro que oferecem é bem mais sujo e incerto do que o presente merecidamente criticado.
O quadro que se nos apresenta é o que temos. Ou a continuação do governo ruim do presente ou a vitória dos governantes medíocres que se põem à alternativa. Mas é melhor, qualquer desses lados, do que o fascismo salvador e aparentemente iluminado.
A Democracia é melhor do que qualquer outra saída. Ou melhor, sem democracia não há saída. Só a entrada nos escombros do fascismo.
Que seja Dilma com sua Copa, sua tromba e suas esmolas. Que seja Aécio, com seu maneirismo pouco mineiro e mais paulista. Que seja Campos, com seu socialismo de miçanga e seus aliados do socialismo de oportunidade. Qualquer deles, menos ditadura.
O fascismo é uma deformação orgânica, que confunde as fronteiras entre o indivíduo e o coletivo. Por isso toda ditadura é fascista, à direita ou à esquerda da Rosa dos Ventos. Volto a Zé Limeira: “De eleição não entendo,/ que lá no Tauá não tem./ Porém se eu fosse votar,/ entretanto mas porém,/ eu só votava se fosse/ num burro manso ou no trem./ Té mais.
 
SOBRE O AUTOR: François Silvestre

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