A história de amor mais bonita é a que existe


Ele chegou e antes mesmo de sentar, pediu um expresso duplo. Vinha todo dia, na mesma hora e sentava na mesma mesa do canto. Abriu o livro e ficou ali, só que em outro lugar. Ela entrou porque tinha errado o horário da sua reunião e precisava fazer hora. Sem perceber, sentou de frente pra ele e pediu um cappuccino com pouco chocolate. Ah, e um bolo de milho, por favor. Não demorou cinco minutos pra ele bater o olho nela, mas demorou o resto da vida pra querer tirar. Hoje em dia, sempre pedem o mesmo expresso duplo e o cappuccino com pouco chocolate. Ele jura que ela sentou na mesa da frente de propósito. Ela, comendo o bolo de milho, não consegue fazer nada além de concordar. É mais bonito do que admitir que o grande responsável pelo encontro dos dois foi uma reunião atrasada.

É mais bonito dizer que foi amor à primeira vista, que eles nasceram um para o outro e que ainda na maternidade isso foi marcado. Para ser ainda mais, ele jura que esse encontro vem de outras vidas, de outros cafés. É mais bonito ser um roteiro impecável de um filme estrelado por Zooey Deschanel do que uma bela coincidência da vida. Bonito é soltar frases de efeito pensadas na noite anterior no momento exato que apenas um espontâneo "eu te amo" seria mais do que suficiente, necessário. É mais bonito montar cenas, fazer promessas que não vão ser cumpridas, dizer que vai ser para sempre porque é grande demais e não pode ter fim.

É mais fácil ter um amor impossível ou inventado.
Mas o amor, meu caro, precisa ser real. Isso, sim, é mais bonito.

SOBRE A AUTORA: Nathalia Cunha, olindense, redatora, 25 anos. Também dona do blog Tempo de Pipa.

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