Vivendo e aprendendo a jogar


Já perdi as contas de quantas vezes bati a mão no peito para dizer para as amigas que mudei. Que progredi. Que não cometo mais os mesmos erros de antigamente, imagina!

Eu? Não… Já sou crescida demais!

Culpa da vida pregando peça. Trapaceando. Enganando a gente na brecha entre um amor e outro. Um tropeço e outro.

Culpa da vida… Culpa minha é que não é!

Sabe quando raramente a gente esvazia o coração? Quando raramente você se curou de um amor e o próximo ainda não te dilacerou então viver de repente (por por um momento) parece tão fácil? Sabe?

Então… Culpa da vida! ;)

Foi numa ou outra entressafra de amor dessa que achei que já tava grandinha demais para tropeçar mais uma vez.

Grandinha demais para entregar meu coração nas mãos de um estranho. Já posso ouvir minha amiga Carol gritando no fundo: “mas como pode?! Como pode largar um coração inteiro na mão de um desconhecido?!”.

Como pode, Carol? Não sei… Como pude?

Aí a gente se sente criança de novo… Pede socorro. Ai nãoooo, toda aquela angústia de novo. Não, vida, de novo não! Culpa da expectativa que teimou em voltar quando o novo amor apareceu. Novo amor? Nem sei… Não sei mesmo se era amor… Passou!

Mais uma batalha. Resisti. Nem sei se venci. Talvez não. Mas não importa… O importante é que emoções eu vivi (???), já dizia o Rei (?)…

cronica1E o que fica pós luto do fechamento de um ciclo é o quanto era tudo mentira quando bati a mão no peito lá atras, antes do amor novo chegar, dizendo que eu tava pronta. Forte. Protegida. Adulta. Blindada.

Sei lá… Chamem como quiser. Era tudo mentira mesmo… :(

Carol me disse que era tudo mentira e ela é das pessoas que mais me conhecem no mundo. “Amiga, você é sonhadora, não tem jeito… E isso tem consequências. Não dá para insistir no erro e sair imune. Sei que você quer calmaria então por que ficar insistindo no caos?“.

Foi mais ou menos isso que ela me disse… E fiquei pensando…

Por que ficar insistindo no caos?!

Talvez eu veja alguma poesia nisso… Alguma graça… Não sei… De qualquer maneira já assumi a culpa. Ok, é minha!

Ela tem toda razão. Quem escolheu dar meu coração fui eu, mesmo com todas as premissas e dificuldades que a vida apontou.

Não sou do tipo que tem medo de se jogar do abismo… Eu? Jamais. Pulo sem olhar para trás. Depois é que paro para pensar nas seqüelas. Até porque, a cada história nova vem a vida de novo pregar peça de mãos dadas com a expectativa e lá estamos nós achando que DESSA VEZ tudo vai ser diferente…

Que dó da gente! Bobinhas, bobinhas…

Ainda mais vindo de uma entressafra maravilhosa onde ser solteira nunca foi tão bom! Aquele papo de que a gente só se afoga quando aprende a nadar, sabe assim? Então… Tipo isso!

E depois do caldo é só esperar a respiração voltar. Não tem muito jeito não… É largar o corpo na areia e deixar passar. E repetir as palavras da Carol na cabeça tipo mantra: “Dá pra ter o que você quiser, amiga! É só aprender a escolher!“.

Nunca fui muito boa mesmo nesse negócio de escolher… Acho até que são sempre eles que escolhem por mim… Culpa da vida! Não sei… Minha é que não é! ;)

Já voltei a respirar.

Assim, ainda sinto saudade, aperto, angústia hora ou outra… Mas já cansei de saber como funciona. Não me assusto mais! Olho no olho da dor. Sou boa disso. Escrevi mais em cima que vejo poesia no caos, né?! Então…

Talvez porque o caos me traga alguma segurança. Tipo “pior que isso não fica”. “Agora é só melhorar”. Outra grande mentira! Sempre dá pra piorar… E melhorar, também! Claro! Mas sempre dá pra piorar. Mesmo a probabilidade sendo infinitamente menor do que quando a vida vai as mil maravilhas…

cronica2Deussssss, como fico ansiosa quando tudo vai muito bem, obrigada! Um medo absurdo disso acabar. Silencioso. Escondido. Soprando baixinho no fundo do coração enquanto vivo momentos inesquecíveis com a pessoa errada. Quase que esperando o penhasco chegar, sabe? Talvez porque eu ja sabia. Ou sempre soube…

A gente sempre sabe… E insiste em insistir…

E a Carol de novo: “por que insistir no caos?“. Não sei, minha amiga… Não sei!

Me sinto cansada depois de tanto… Mas me levanto rápido. Não perco mais aquele tempo todo deitada na areia para recuperar a respiração.

Olha só para mim! Foi ontem e já tô de pé. Firme e forte. Pronta para outra. Ou não.

Juro que dessa vez não vou gastar nosso tempo com meu discurso falso de maturidade porque sei que quando chegar a hora de amar de novo voltarei a ser criança.

E tem nada não… Tenho medo não…

Vou jogando bola com os caras errados até o certo chegar e eu de vez me aposentar! Afinal viver é isso aí, né, não?

Tomara que sim…

SOBRE A AUTORA: Julia Faria. Já trabalhou pra Capricho, Vogue, em figurinos pro Charlie Brown Jr e aí decidiu unir os seguidores do Twitter e Instagram em um só lugar aka blog que leva seu nome.

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