SOBRE(VIVER): Capítulo 4
11 de março de 2009
Estava tocando Please Be Mine dos Jonas Brothers: “I can't stop the rain from falling, can't stop my heart from calling you. It's calling you. But I'll be there forever you will see that it's better all our hopes and our dreams will come true, I will not disappoint you I will be right there for you 'til the end, the end of time, please be mine”. Eu não conseguia parar de pensar no Mateus e apesar de não ter que estar vendo mais ele nos corredores da escola, aquilo ainda me machucava. Ele já estava namorando outra menina e eu não conseguia chamar a atenção de ninguém. Apesar de estar no meu primeiro ano do ensino médio e ter acabado de tirar o aparelho, as pessoas me olhavam meio torto por ser a filha da coordenadora e a cdf. Sem contar que eu era a nova emo da sala por andar com os olhos pretos e só me comunicar com a Cornelia e a Vicky, por causa do nosso grupo WSU (que significava what’s up = e ai). Nosso tempo se resumia em andarmos sempre juntas e escutar Jonas Brothers, uma nova banda da Disney com três irmãos gatinhos que acabara de ser lançado. Ninguém da sala conhecia, nem da escola, exceto a Lia – a outra que era considerada esquisita por ser a filha do diretor, só que ela era de uma sala mais nova. Como o ensino médio só existia pela manhã, eu tive que trocar o turno vespertino pelo matutino, que significava adeus Mateus e olá acordar cedo. Pelo menos pude estar com todas as minhas amigas de volta estudando juntas, porém cada uma tinha sua turma e essa era a minha.
Com o tempo livre a tarde, desperdiçávamos no myspace, outra coisa que só nós tínhamos. As pessoas passavam o seu tempo no Orkut, porém era meio sem graça. Já que no MySpace, além de podermos descobrir novas bandas ainda podíamos nos comunicar com pessoas de outros países e treinar o nosso inglês. Outra coisa que tínhamos em comum.
Nesse dia como habitual, estava procurando novas bandas no site, foi quando eu encontrei a banda do Joseph, a Vacation. O som deles era legal, lembrava um pouco da Fresno com NxZero. Mas com um repertório só deles. A banda não era muito conhecida, mas era normal na época falar com esses “famosinhos de garagem” e por isso acabei fazendo amizade fácil com o Joseph – que era baixista da banda. Ele era de Osasco, interior de SP e tocava muito bem. Cabelos negros e lisos, com uma argola na orelha e apaixonado por toucas, namorava a sua melhor amiga. Sem contar que era fascinado por química apesar que eu tinha começado a odiar a matéria por causa do meu professor. Disse a ele que não tinha um namorado, gostava do meu melhor amigo de infância e ele ficava numa enrolação comigo. Mas já tinha ido pro meu segundo namoro. Naquele mesmo dia conheci o som da Katy Perry também. Porém meus assuntos com o Joseph acabaram na primeira semana. Ele gostava de um rock mais pesado e não era muito a minha praia. Só depois de um tempo entre uns anos e outro, reparei que eu ainda o tinha no msn e resolvi puxar assunto com ele pra saber da sua banda enquanto o Victor estava numa viagem repentina. Mas isso já é outro dia.
25 de outubro de 2011
Eu já estava lendo de novo Orgulho e Preconceito da Jane Austen. O senhor Darcy já estava na parte onde dizia para a Elizabeth o seguinte: “Tenho lutado em vão. Não resistirei. Meus sentimentos não serão reprimidos. Você deve permitir que eu lhe diga o quão ardentemente a admiro e a amo.” Ler aquilo era crucial, já que era um dos meus livros preferidos. Me lembrava um pouco a minha história com o Victor. O que recordava o quão impaciente eu estava por não ter notícias dele. Ele já estava sumido por dois dias inteiros, não atendia o celular ou respondia as mensagens e na casa dele, ao tentar ligar ia direto pra caixa postal. Estava com medo de alguma coisa ter acontecido. Mas tentava me acalmar. Forcei-me a concentrar um pouco na aula, mas em vão. O jeito era continuar a ler o livro.
A tarde liguei o Skype e esperava notícias dele quando vejo ele online.
Louise: Oi amor, até que enfim apareceu.
Victor: Oi meu amor, desculpa. Eu tive que viajar assim do nada com o meu pai. Lembra da semana do saco cheio? Assim que meu pai soube, ele planejou uma viagem comigo e a mulher dele. Ele chegou em casa e mandou eu arrumar as malas.
Louise: Ah... Eu pensei que tinha acontecido outra coisa. Eu estava muito preocupada. Custava avisar?
Victor: Desculpa, eu estava sem sinal. E só agora consegui internet. Aliás, comprei um chocolate maravilhoso aqui na Argentina.
Louise: E mandar mensagem quando tava saindo de casa? Olha vou viajar... E você está na Argentina? Oi?
Victor: Desculpa. Não estou na Argentina, estou na fronteira dela e do Paraguay.
Louise: Ah sim... To com saudade.
Victor: Eu também.
Louise: Posso te ver?
Victor: Agora não dá. Meu pai tá aqui do lado e é meio complicado falar quando to com ele. Estamos dormindo todos juntos.
Louise: Ah sim, amor.
Victor: Eu vou ter que sair agora... Posso falar contigo depois? Não sei se consigo entrar aqui a noite, mas amanhã a tarde se der nos falamos.
Louise: Tudo bem. Beijos, eu te amo.
Victor: Eu também.
Louise: ): “sua mensagem não pôde ser entregue”
Procuro meus contatos online no Messenger e já vejo que não tem muitas pessoas. O pessoal todo está migrando pro facebook e eu não sei se isso legal já que agora virou modinha. Vejo se tem algum conhecido, pois não quero voltar a chorar. Pelo menos o Victor, está bem. Marina, Caio, Teo, Roberta, Joseph. Nossa, o Joseph, ainda existe. Será se ele ainda tá com a banda?
Louise digita...
Louise: Oi Joseph, quanto tempo ein?
Joseph: Oi, é verdade. Tudo bem?
Louise: Eu estou bem também.
Joseph: To vendo que você está escutando In The End do Linkin Park, belo gosto musical.
Aliás essa era uma música que o Victor gostava muito e estava na playlist que ele tinha me dado.
Louise: Eu sempre tive rs
Joseph: É verdade.
Louise: Já parou de ouvir aquelas músicas chatas?
Joseph: Não são. Mas eu to curtindo algo bem diferente agora como Criolo.
Louise: Ainda não o conheço. Presta?
Joseph: Se eu escuto né? Mas me conta, o que você anda fazendo?
Louise: Eu? Nada demais, tenho um vestibular esse final de semana e só. E você, ainda tá com a banda? O que você tá fazendo?
Joseph: Eu sai da banda. Não estava mais dando certo. Eu estou trabalhando e estou fazendo um curso técnico de química. Queria poder entrar na USP.
Louise: E a sua namorada, como ela vai?
Joseph: A gente terminou nas férias.
Louise: Ah, que pena.
Louise: Mas que droga, você saiu da banda. E agora como vou poder assistir a um show de vocês?
Joseph: Ah, eu ainda toco em alguns lugares. É só reunir a galera que eu toco.
Conversamos até altas horas, discutimos sobre músicas e arte. Foi um dos momentos mais natural da vida que já me aconteceu. Era como se a própria vida precisava seguir o seu curso. Foi o momento que comecei a me sentir de novo bem. Até dizer a ele o quanto estava infeliz com o meu namoro.
07 de outubro de 2011
Aperto o play na nossa música, With Me do Sum 41, e de repente me veio um flash. Eu queria que a minha memória não fosse boa o suficiente pra lembrar de tudo e que detalhes fossem apenas detalhes. Mas como esquecer tudo que eu e o Victor passamos juntos mesmo depois de uma terrível briga que levou a um término? Eu só queria apenas pôr um fim naquela briga. Ou apenas fazer o que ele me mandou fazer, seguir em frente. Lembrei do tempo que eu estava com ele na última vez. Da promessa que eu o tinha feito. Queria apenas que invés de memórias, ele estivesse aqui comigo ou morasse aqui do lado pra que depois de uma longa discussão eu só batesse na sua porta e o surpreendesse com um beijo. Me perco nas lembranças onde eu deitava nele e rolávamos na cama pra decidir qual era o melhor lado pra dormir. Mas o lado frio dele, vinha se tornando mais presente e essa discussão não era como as outras onde falávamos algo e continuávamos no telefone esperando o perdão do outro. Essa tinha tido um ponto final e a cada vez que isso acontecia, ficávamos mais distantes. Não sei porque ele reclamava tanto se eu sairia com alguém a tarde se ele passava o dia inteiro no cursinho e mal falava comigo. Não conseguia entender por que mesmo num final de semana ele não poderia estar em casa. Porque a cada coisa que eu ia contar, parecia tão errado e ele não aprovava. Fico me perguntando como pode alguém mudar tanto? Como pode, o cara que eu me apaixonei, que costumava ser doce e todo lindo comigo, se transformar tanto? Juro que não o reconheço mais. Me questiono sobre como o posso amar ele com toda essa metamorfose tremenda. Nada mais é igual ao que era, eu sinto e sei disso. Ele estava perdendo uma parte de mim. E eu estava me perdendo em mim. Nossas conversas eram vazias e encobertadas por mais silêncios do que palavras. Em destroços, ainda precisava ligar nele e ouvir a voz dele... Era doentio, eu sei. Mas essa música sempre me trouxe nostalgia. Então eu liguei pra tentar mais uma vez, submetendo a mim o que eu não poderia viver sem...
05 de dezembro de 2010
“Bom dia minha namorada, você é a única luz que consegue tocar este coração. Não há ninguém além de você. Eu irei te seguir por onde você vá, porque ninguém mais me tem como você, ninguém. Ps, são 4 dias juntos. Eu te amo muito Louise."
“Bom dia meu namorado, quero abrir teu coração como se fosse uma janela, porque esse amor que eu sinto é tão grande que não cabe nem se mede em palavras. É preciso abrir as portas, janelas para correr e se estender. Nem esse mundo, nem outro compreende o tamanho do que sinto. Eu quero te amar hoje, agora, sempre. Sou a mulher mais feliz por esses quatro dias, eu te amo meu Victor.”
“Você já contou pra sua mãe sobre a gente?”
“Ainda não, pretendo contar mais tarde.”
“Eu já contei pra minha e mandei mensagem pro meu pai falando sobre você.”
“Sério? Que fofo!”
“É só porque eu te amo muito.”
“Ah duvido que você me ame mais do que eu te amo.”
“ Já quer competir? Lembra que eu tenho uma hora a mais de namoro do que você.”
“Já quer ganhar de mim? Poxa...”
“Ei eu tenho uma música nova pra você escutar. Escuta Mil Anos do Jorge e Mateus.”
“Lá vem você com seu sertanejo, mas tudo bem. Irei escutar por você.”
“Você é a minha exceção.”
“Você é a minha também. Tava escutando ela agora, acho que essa música foi feita pra gente.”
“É verdade.”
Ao entardecer, convidei a minha mãe para caminhar a beira do rio cujo dividia a minha cidade com outra. Seria a primeira vez que eu contaria a ela que eu estava namorando sem ser pega as escondidas. Queria que aquele momento fosse especial apenas de mãe e filha. Ela já suspeitava que acontecia alguma coisa e por isso, já questionou qual era a ocasião daquilo tudo.
- Mãe, eu preciso te contar algo. Espero que não brigue, mas eu precisava fazer o certo dessa vez. Eu estou namorando.
- Com quem? – Minha mãe perguntou com um tom de surpresa.
- Com o Victor. Você não o conhece. Ele terminou os estudos esse ano no colégio da Alessandra, ele é amigo dela, em Jacareí. - menti, eles eram conhecidos. - Mas ele é o garoto mais doce que eu já conheci e o sorriso dele estremece meu coração. Acho que finalmente achei alguém que me completasse, nossa sintonia é inacreditável e eu não consigo acreditar que ele me ama.
- E quantos anos ele tem? – Perguntou ainda perplexamente desacreditada.
- Ele tem 17, é apenas um ano de diferença.
- E você tem certeza que quer isso?
- Absoluta. Olha ele me escreveu uma carta. Acredita? – Puxei a carta da bolsa que estava carregando e mostrei-a. Ela leu e não conseguia entender tudo aquilo. Mas achou que era um namoro bobo de internet e que nunca iriamos nos ver. E que se nos víssemos seria apenas daqui um ano ou mais. Mal sabia ela, que estávamos mais próximos de nos ver do que ela imaginava.
“Adivinha quem contou pra mãe que está namorando?”
“Sério, amor?”
Disco o número dele na tela, tinha conseguido colocar crédito mais cedo e por isso dava pra ligar por um ou dois minutos antes que todos os créditos acabassem tão rápido quanto um piscar de olhos. Já tinha ativado o plano das mensagens. Tocou e ele surpreso atendeu.
- Queria te dizer que te amo e que estou feliz por estar com você. – disse estampando um sorriso na cara.
- Eu amo você e nem acredito que você está ligando.
- Eu precisava comemorar, queria poder falar mais. Mas só liguei pra te dizer que isso tudo é real e bem, parece que temos a aprovação da minha mãe.
- Agora isso é um namoro sério. Minha namorada, minha namorada, minha namorada.
- Bobo. Vai pedir a minha mão pela internet pra ela?
- Vou.
- Ei já está apitando aqui dizendo que a ligação vai acabar, amo você. Não esquece!”
- Até daqui um minuto meu amor, amo você mais.”
Estava nas nuvens, parecia que tudo ia dar certo. Não me apressei pra contar ao meu pai, porque não era fácil de explicar e ele duvidaria. Porém, não importasse a hora que eu o contasse, ele sempre dava a sua aprovação. Pelo menos, era o que eu achava.
Que lindo.. <3
ResponderExcluirbjo
http://blogandocomadeni.blogspot.com.br/