SOBRE(VIVER): Capítulo 7
11 de outubro de 2011
Victor está digitando...
Victor: Que saudade de poder passar todas as horas do dia
assim contigo, numa boa. Sem se preocupar com nada. Onde o mundo lá fora simplesmente
não interessa. Apenas eu e você.
Louise: Por mais que a gente brigue e que ás vezes isso nos
consuma, que vivamos nessa terrível inconstância e que tudo venha contra nós, sempre
nos resolvemos e eu te amarei até o final Victor, prometo.
Victor: Eu queria poder te dizer hoje tudo frente a frente e
não através dessa tela de computador. Todo esse sentimento que se denomina amor
tem me consumido. Queria poder demonstrar mais, falar as palavras certas.
Queria poder te dar um beijo nem que fosse um de boa noite. - Apesar de estarmos conversando pelo Skype, ele se aproxima
da tela e a toca como se tivesse podendo me tocar. Eu estendi a minha mão pra pegar a dele e o fitava serenamente. - Queria poder te fazer um carinho. Tocar no teu cabelo e o
bagunçar, por mais que você reclame, eu sei que você gosta. Queria poder
conseguir dormir outra vez sem acordar no meio da noite e ficar te procurando
entre os meus lençóis. Queria realizar aquele nosso desejo, que antes era só
meu em particular, de irmos à praia. Deitar na areia e ficar vendo aquele lindo
céu estrelado ou até mesmo o pôr-do-sol. Eu queria poder ter você só por mais
um segundo em meus braços. Acho que isso não é pedir demais né? Mas eu queria
você, na verdade, eu quero.
Louise: Droga - eu digitei enquanto tentava não chorar pela falta que ele me fazia. - é tão triste não te ter aqui comigo. Eu te
quero muito meu amor.
Victor: Nem que demore 100 anos eu ainda vou te ver.
Prometo.
Louise: Eu digo o mesmo.
Victor: Sinto falta do seu beijo.
Louise: Sinto falta do seu corpo no meu. Do seu cuidado, do
toque macio da sua mão na minha. De poder cuidar de você, de te proteger. Sinto
falta de quando eu te sentia tão meu e me sentia inteiramente sua. Do gosto da
sua boca na minha. De te agradar, de te provocar daquela forma que só eu sei
fazer. – comecei a passar a minha língua entre meus lábios e perceber os seus
olhos brilhando ao me observar na tela. – Sinto falta de dormir e acordar ao teu
lado. Resumindo isso, sinto falta de você e do bem enorme que me faz.
Victor: Sou inteiramente seu, sempre fui e sempre serei.
Louise: Me sinto completa sabendo disso agora.
27 de setembro de 2011
- Você está terminando comigo? - eu dizia em meio as lágrimas, não acredito que aquilo estava acontecendo.
- Estou. - ele respondia secamente. Já devia estar acostumada aquele tom nessa altura.
- Mas hoje é o meu aniversário.
- Eu sei disso e é por isso que eu estou terminando com
você.
- Mas você disse antes que me amava.
- Era mentira. - Como ele tinha coragem de dizer isso depois de tudo que a gente viveu?
- Você mentiu pra mim? - Tentando enxugar as lágrimas que não paravam de cair, eu tentava dizer... Eu não
conseguia acreditar que aquele era um dos piores dias da minha vida. - Mas por
que?
- Eu não te amo,
Louise. Eu só estava te iludindo.
- Isso não é verdade. Como você não me ama se passou tanto
tempo comigo?
- Era apenas uma aposta.
- Aposta?
- Era.
- Eu ainda não consigo entender, você não pode terminar
comigo porque eu não deixo você terminar.
- Azar o seu.
- Você é um idiota.
Apertei o botão de desligar pois não aguentaria mais aquela
conversa. De uma certa forma eu não conseguia entender, mas eu tentava me conformar em meio toda aquela crise.
Ficava achando motivos pra não me deixar abalar por mais que eu estivesse. Por exemplo: ele estava começando a me controlar demais, me banindo de certas coisas e
saindo demais, fazendo-o esperar muito mesmo até chegar em casa para conversar e já nem atendia mais as minhas ligações de primeira como antes. Repetia aquilo pra mim várias vezes como se fosse um real motivo. Comecei a ter vontade de xingá-lo muito mais
do que com um apenas idiota. Mas eu não me rebaixaria àquele nível. Se ele
queria terminar, tudo bem. Já tinha sido um porre todo aquele dia.
06 de dezembro de 2010
Início da sessão com Victor
Victor: Você não vai acreditar, meus amigos estão fazendo
aposta sobre quanto tempo irar durar o nosso namoro.
Louise: Sério?
Victor: Hanran.
Louise: Mas como assim?
Victor: Eles sabem que eu nunca namorei de verdade como eu
to com você e principalmente a distância. Ai eles falaram que não duraria um
dia ou uma semana. Que se durasse ia ser só o primeiro mês e olhe lá.
Louise: E você?
Victor: Eu disse que apostaria com eles. 100 reais por cada
mês que a gente completasse.
Louise: Eba o/ é bom que você divide comigo.
Victor: Vamos ficar ricos com o dinheiro dos meus amigos
Louise: Sim
Victor: Mas o que você está fazendo ai?
Louise: To aqui conversando com a Alessandra, estou contando pra
ela sobre o nosso namoro.
Victor: Já fala que ela vai ser madrinha do nosso casamento
Louise: Ah, pode deixar!
Victor: Vou ir jogar aqui tá? Mais tarde a gente se fala.
Louise: Ok
Início da sessão com Alessandra
Alessandra: então vocês estão namorando mesmo?
Louise: Sim, você consegue acreditar?
Alessandra: Ainda não
Louise: tá, nem eu ainda
Alessandra: E como vocês vão fazer pra se ver?
Louise: Eu to tentando ver se consigo a bolsa de estudos pro
internato de Hortolândia, já que minha tira mora próximo ali, só que a amiga da
minha mãe quer que eu vá pro Paraná já que é mais fácil de se conseguir
Alessandra: O Paraná é legal, mas você deve vim mesmo pra cá. Já
pensou, a gente ia se conhecer!
Louise: simmmmmmmmmmmmmm e ai eu iria ver ele. Ai eu ia
morar perto de vocês dois e da Maria. Poderia ir pra Fapija o/
Alessandra: Era legal se você morasse aqui, eu já vou ver as
passagens de ônibus de Jac pra Hort, porque eu combino com a minha mãe de ir te
ver uma vez por semana ou você podia vim aqui dormir nos finais de semana
Alessandra: nem acredito nisso, tomara que dê tudo certo. Ah, Ale, obrigada!
Alessandra: pelo quê?
Louise: pela metade da sorte do mundo
Alessandra: que isso
Louise: eu espero o Raphael perceba que você é a mulher da vida
dele e pare de brincar com você
Alessandra: eu também.
Louise: lembra da sua sorte, use-a
Alessandra: ok <3
15 de março de 2012
Completamente sozinha. Largada
numa cidade onde mal conhecia alguém. Longe do meu abrigo. Do meu conforto. Da
minha família. Longe dele. De qualquer amigo. Ou até mesmo de uma amiga que eu
pensava ter. Num lugar onde tudo é estranho, que mais parece um ninho de
cobras. Onde um simples abraço não existe. Onde o olhar julgador é a forma de
sobrevivência. Mas precisava permanecer ali, tentando sobreviver. Não poderia
ligar pra casa e dizer que fracassei. Que o motivo pelo qual eu tinha ido,
era ele e que agora não o tinha mais. Estava num meio a qual não pertencia e as
pessoas ao meu redor me lembravam disso. Seus tons secos e olhares frios. O
sentimento de abandono latejava nas minhas veias. A solidão e a insegurança me
perturbavam. O meu cobertor parecia ser o melhor amigo. Olhava pro celular e
nada aparecia na tela. As mensagens enviadas, nenhuma respondida. E porque era
difícil atender alguma ligação? Me escondi ali debaixo da coberta. Soluçava em
silêncio pra ninguém me ouvir. Estava desprotegida. Não o tinha. O eco dos meus
pensamentos me dizia: ele não viria mais. Mas eu procurava acreditar que ele
iria. Tentei camuflar a minha dor, não adiantou. Mas eu precisava me adaptar. Só fazia uma semana que eu não tinha notícias.
Isso já aconteceu alguma vez. Devia ser o sinal. Ele talvez pudesse não ter
crédito. Mas a cicatriz doía como se alguém a tivesse sempre cutucando. O eco
se repetia: ele não vem. Ele não vem. Joguei as cobertas pro ar e olhei ao meu
redor. Ninguém estava. Olhei-me no espelho e falei: só mais uma vez. Do outro
lado do quarto tinha um celular jogado encima da cama. Peguei-o. Devia ser da
Pãmela. Disquei o número dele e ele atendeu. “Alô”, eu disse. Ele retrucou:
quem é? Eu disse: Sou eu. O celular foi desligado. Comecei a chorar por ter
ouvido aquela voz. Mas chorava porque ele tinha atendido. Liguei de novo. Caixa
postal. Ele não iria me atender mais. Finalmente, cedi aos meus pensamentos e
sabia que ele não viria mais. A minha escolha seria tentar esquecê-lo.
Finalmente seguir em frente. Me proteger e me cuidar. Construir o muro ao meu
redor de novo. A cicatriz tinha se aberto totalmente. Sangrava dentro de mim
como uma hemorragia. A dor do abandono, carregada no peito, que tanto tentei
esconder tinha sido exposta.
29 de outubro de 2011
“Eu acabei de sair de Cascavel. Amanhã já volto pra casa.”
“Não é a cidade da sua amiga?”
“É sim.”
“Você vai ver ela?”
“Claro que não.”
Li aquela mensagem em prantos. Eu já sabia que ele tinha ido vê-la. A amiga, cujo nome era Renata, que era louca pra ficar com ele ou vice-versa e antes, ele até a tinha como mulher ideal, por causa que ela tocava violão. Ele estava
mais uma vez mentindo pra mim e eu era idiota por estar caindo na dele. Mais
cedo nesse mesmo dia, quando ele tinha mandado a mensagem que estava lá, meu
coração estremeceu. Eu sabia que ele tinha prometido a ela no início do ano que
quando fosse ao Paraná e passasse pela cidade dela, ele a veria. Mas pelo que
eu sabia, fazia um tempo que eles não conversavam. Já que o acordo era esse, eu
não falaria com o Ian e ele não falaria com a Renata. A única solução já que
não tinha mais o meu facebook e nem o twitter, era verificar o twitter dela.
Ainda lembrava o username @renata_fon, que tinha me incomodado muito no começo do
namoro. Chequei e para a minha surpresa e tristeza ela tinha postado algo relacionado com ele.
@renata_fon: vou tomar banho pq daqui a pouco o victor vai chegar aaaaaaaaaaaaaaa mas ele nem vai ficar mt af :(((
@renata_fon: o piá é de sp e vem me ver por 5 minutos, bonito isso
Estava em lágrimas mais uma vez.
Comecei a supor que aquela viagem já tinha sido planejada há dias e que ele
sabia, só não quis me contar. Nada estava fazendo sentido. Comecei a vasculhar mais um pouco abaixo e achei lá mais outro tweet dela.
@renata_fon: sábado acho que o victor vem pra cá, vocês tem noção da emoção que vai ser de ver um piá que mora a mais de 9 horas daqui???
Como ele poderia ser
tão cínico e porque ele estava mentindo? Me questiono se ele já pensou em
concorrer ao Oscar por tal atuação, aposto que ele ganharia o prêmio de melhor
ator de todos os tempos. Ele era um idiota e eu era mais ainda por continuar
fingindo que estava tudo bem. Que raiva! No momento que eu achava que estava
tudo bem, não estava. Preciso de alguém para conversar. Será se o Joseph está online? Ele me disse que acabou de terminar o relacionamento, será o que
aconteceu? Acho que ele poderia me entender...
Início da sessão com J
Louise: Oi, você tá ocupado?
J: Não, pode falar
Louise: Posso te perguntar o porquê terminou com a sua
namorada?
J: Acho melhor não
Louise: Foi você que terminou ou foi ela?
J: Os dois
Louise: Eu estou um pouco mal no momento
J: Ainda por causa do seu namorado?
Louise: É. Estou descobrindo mais mentiras sobre ele
J: Hm, que pena. O meu namoro também terminou assim. Ela me
enganou.
Louise: Quer falar?
J: Você é bem insistente
Louise: É uma maneira de passar o tempo rs
J: Ok, bem... Ela disse que ia viajar pra onde a família
dela mora em Recife, só que ela acabou ficando com um ex dela lá
Louise: Nossa, que tenso! E dai você descobriu e ela te
contou?
J: Na verdade, ela me contou e pediu pra que eu a perdoasse.
Louise: E você perdoou?
J: Perdoei, aliás já estávamos juntos há muito tempo. Só que
depois, eu fui a pedir em casamento, já estávamos prontos para dar o próximo
passo e ela disse que não. Disse que não queria casar comigo nem continuar mais
o namoro pois ela nunca conseguiu esquecer o ex dela. Ela iria embora pra lá
afim de ficar com ela.
Louise: E aí ela foi e vocês terminaram?
J: Sim, ela foi. Só que ele não queria um relacionamento
sério com ela e ela voltou aqui pra Osasco. E tentou voltar comigo, mas eu não
consegui voltar.
Louise: Isso sim é tenso.
J: É sim, agora não consigo mais confiar em ninguém. Estou
traumatizado. Outra coisa que decidi é que não quero casar nunca mais. Serei
aqueles coroa que sai com as novinhas.
Louise: hahahahahaha, tio
J: Mas não sou tio agora
Louise: É sim, tio! Adorei esse seu apelido.
J: Mas e quanto a você?
Louise: Acho que um beijo dele compensaria tudo que ele tem
feito.
J: Coitada de você. Ainda está apaixonada.
Louise: Estou, eu sou muito esperançosa sabe? Eu espero que
tudo se acerte, mas a realidade é bem diferente do que eu imagino.
J: Você já tentou conversar com ele?
Louise: O pior que já.
J: Ele te ouviu?
Louise: Não
J: Expôs o lado dele?
Louise: Sim, mas ele mentiu.
J: Acho que você deve saber que o melhor é terminar. Sei lá,
eu não o conheço. Mas eu sei que você sabe o que fazer.
J: Ei, ter esperança é uma qualidade. Não esquece disso.
Louise: Tá bom, tio.
Era engraçado como eu ainda tinha alguma esperança para mim
e o Victor, por mais que ele me fizesse sofrer, eu lembrava dos nossos momentos
felizes. Tá ok, era doentio. Eu queria poder voltar ao tempo só pra congelar aquilo. Mas eu sabia
que tinha uma decisão a tomar. Uma guerra parecia estar se iniciando entre nós
dois mais uma vez, onde o campo de batalha era o nosso relacionamento e os
oponentes era nós dois, onde mentiras não teriam mais nenhuma chance e eu iria
com tudo agora.
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