Sobre(viver): Capítulo 9

13:01

04 de novembro de 2011 
Eu sei que essa tempestade que insiste em nos rodear, irá passar. Pois o amor que sentimos um pelo outro é mais forte que tudo e todos. E ao fim de todas essas brigas e dor, ainda teremos um ao outro. Como foi e como sempre será. A única coisa que tem salvado meu dia é saber que no final das tormentas, eu sempre vou poder falar com ele.
Mais uma mensagem chega: “vem viver comigo?”.
Eu respondo que sim.
Ele diz: “a Renata queria ficar comigo”. 
Respondi: “ela pode até tentar, mas ela nunca te terá como eu te tenho."
Ele diz: “eu sei”.
Meu olhar brilhava novamente como demonstrasse a felicidade carregada dentro de mim, gestos que trazem o perdão e uma distância que apesar de nos separar nos mantinha sempre perto. Ele continuava a me amar mesmo eu sendo quem era. Uma egoísta e possessiva. E eu o amava mesmo com todo o ciúmes, orgulho e mentiras. A ferida já não doía mais, pois naquele dia eu sabia que ainda significava pra ele. Eu queria poder abraça-lo, porque ele estava tão longe de mim? Droga. O que tinha acontecido mais cedo já tinha se tornado passado. Quando ele parou de acreditar no amor que eu sentia por ele, foi quando eu me toquei. Aos prantos me ligando dizendo o quanto me amava e que eu era a rainha gelada. Começou a me dizer toda a verdade que estava ocultando. Ele tinha me dito que tinha sido forçado pelos pais a ir pro Paraná, o que eu já sabia. Mas que era pra ele tentar o vestibular de lá, mesmo sendo pra ficar um pouco mais longe de mim. Ele disse que não queria mas acabou tendo que fazer. Por isso, ele estava ausente. Disse que as pessoas queriam fazer de tudo para nos destruir e que ele estava defendendo a gente mesmo sem eu saber. Mas invés disso, eu só sabia reclamar dele e por isso brigávamos tanto. Que ele também tinha chorado muito e que os sorrisos dele já tinham desaparecido. Que ele fingia não ligar pra isso e preferia focar em outra coisa, mas acabava descontando em mim também. Não queria me contar porque era teimoso e que ele também achava que eu estava distante. Porém ele tentava entender. Mas ele estava começando a não acreditar mais em nós. Me desesperei ao ouvir aquilo. Já não bastava nossos pais não nos apoiasse mais, por não acreditar em nós, agora ele.  Em silêncio, prometi a mim que tentaria prova-lo o contrário. Que o amaria ainda mais. Mesmo que ele não percebesse, faria de tudo pra provar. Porque apesar da dor, o meu amor era maior do que tudo. E eu iria tentar mostrar ele até o meu coração parar de bater. Mandei outra mensagem: “aparece aqui de madrugada pra dormir comigo”, ele disse que já estava a caminho. Apertei o play no meu celular e tocava All Good Things da Nelly Furtado com o NxZero. Agradeci naquela noite por não ter dado fim a uma das coisas boas, pois esse bom não precisava ter um final. Procurei a aliança na gaveta e a coloquei de novo no lugar onde nunca deveria ter saído – no meu dedo.

01 de janeiro de 2011
Louise alterou seu status para ocupada
Louise: que lindo meu amor, o seu depoimento foi demais!
Victor alterou seu status para ocupado
Victor: estou muito feliz que você gostou
Victor: posso falar uma coisa?
Louise: pode mas to com medo agora
Victor: então só “escuta”, dá pra ver ainda que você não gostou do que eu te disse no telefone durante a madrugada. Mas acontece que eu prometi pra mim mesmo que nunca ia esconder nada de ti, muito menos mentir. Então eu só falei, não foi por mal. Eu só faço isso porque não quero ter motivo nenhum pra que nosso relacionamento tenha fim sabe? Porque mentira é uma das poucas coisas que me enlouquece. Eu te amo, ok? Pronto, acabei.
Louise: Posso falar?
Victor: Pode.
Louise: Eu nunca te interrompo já percebeu?
Victor: Eu que sempre te corto né?
Louise: É
Victor: Já melhorou da gripe?
Louise: Ainda não.
Victor: Também fica tomando chuva de madrugada com os outros, ai fica doente /:
Louise: Ontem eu queria ter tomando banho na chuva quando deu meia-noite.
Victor: Falando em corte... Acabei de te cortar né?
Louise: Sim, mas não tem problemas. To aqui tentando terminar de responder um depoimento que me mandaram sabe?
Victor: Mas você ia dizer algo...
Louise: Então né... eu tava inspirada agora, mas você quer lembrar do motivo pelo qual eu fiquei chateada
Não ousava lembrar o pequeno detalhe ruim que assombrava a minha madrugada. Queria mesmo era terminar o depoimento que ele tinha me mandado, mas ele se sentia mal pelo ocorrido.
Louise: Mas vou te dizer a verdade, já que estou perdendo a inspiração
Victor: Desculpa, não foi por mal
Louise: Pode ficar quieto?
Victor: Pode falar... parei.
Louise: ME ESCUTE BEM, eu amo você e ponto. E sim, sou maior egoista em não querer te dividir com ninguém.
Victor: eu nem te cortei viu?
Louise: você está cortando
Victor: Eu te amo bem mais
Louise: de novo
Victor: Eu não sabia que tinha mais
Louise: é claro que tem. Prosseguindo, o que eu fiquei triste é que quando você falou que a Renata tinha pedido pra você ligar pra ela depois que terminasse de falar comigo e já passava das três da manhã. Aquilo me chateou. Eu sei que não mando na sua vida nem nada e que você nunca me trocaria por ela. Mas é inevitável não ficar triste com essas coisas e pensar se você ligou ou não pra ela, logo após ter falado comigo. Você não imagina o quanto eu gosto de ti meu bebê.
Victor: ah /:
Victor: Cortei de novo, foi mal
Louise: Eu te juro que nunca senti algo tão forte por ninguém. Você é tudo pra mim, vida. Você. Você. Só você.
Victor: Você me tem só pra ti bebê. Eu te amo tá?
Louise: Você só me corta.
Victor: Eu não consigo ficar calado. Eu vejo essas coisas e preciso falar também.
Louise: Eu amo você e pronto, cansei de tentar falar.
Victor: Desculpa, fala mais. Tu nunca vai ter que me dividir com ninguém.
Louise: Eu sou tão dependente de ti /:
Victor: Eu digo o mesmo meu bebê. Preciso dizer de novo: eu amo você. É só você.
Louise: Ama é?
Victor: Talvez meus pais também. Mas o dele é menos, muito menos. Amor da minha vida.
Louise: Eu te amo amor da minha vida, amo muito mais que você.
Victor: Nem vem, a primeira frase eu concordo. Mas a segunda, indentifico erros.
Louise: Deixa de ser engraçadinho. Espera um minuto, a Brenda está ligando.
Victor: Ok

Mais cedo, naquela madrugada, depois de ter conseguido o sinal da Tim pois a Claro ainda estava congestionada. Consegui ligar para o Victor e desejar assim feliz ano novo e feliz primeiro mês de namoro. No entanto, uma amiga dele – Renata– conversava com ele por Messenger e queria que ele ligasse pra ela já que eles eram muito amigos. Só que ela não queria apenas desejar um feliz ano novo pra ele, ela queria mais. Pois há alguns dias atrás ele disse que ela era louca pra ficar com ele, apesar de que me assegurou que surgiu apenas um interesse nela mas que foi antes do nosso namoro e que ele não seria louco ao ponto de estragar o nosso namoro por causa de uma menina. O engraçado, é que nessa noite os créditos não acabaram no segundo minuto, por conta dos poucos créditos que restavam e conseguimos descobrir uma falha na linha telefônica que estava testando seu novo plano de ligação cujo só descobriríamos alguns dias depois. Eu tinha aderido a operadora Tim por causa dos planos de internet no final do ano, mas nem esperava que logo mais ela colocaria a 25 centavos a ligação para a mesma operadora mesmo sendo interurbana, o que ajudaria no progresso do meu namoro. Conversei horas com o Victor e só nos despedimos porque no dia seguinte precisaríamos acordar cedo para os respectivos almoço em família.

16 de maio de 2011
Era a aula de inglês e a professora estava realizando um musical como forma de avaliação. Era comum todo ano ter aquilo, só que eu não estava tão animada como nos anos anteriores. Estava meio afastada dos meus amigos por causa do Victor e não tinha nenhuma dupla pra cantar comigo naquela manhã. Apesar que o Emanoel e a Cristina me chamaram pra cantar Just Dance da Lady Gaga com uma coreografia bem bizarra, eu preferi a minha versão de Bubbly da Colbie Caillat. Já estava na vez da Barbara e era estranho vê-la desafinar propositalmente tanto em When I Look at you da Miley Cyrus. Aquela música me lembrava o Victor, parecia que tinha escrito especialmente pra mim só que ela era pro filme A Última Música. Olhei o celular e tinha mais uma mensagem dele: "você é a minha luz sabia?". “Você é o meu farol”, respondi. A Barbara terminava sua apresentação e eu ainda me arrependia por não ter ensaiado Firework da Katy Perry pra pelo menos ter algumas pessoas cantando no coro. Era a minha vez. Subi ao palco improvisado e peguei uma cadeira pra sentar e não ter que encarar toda a sala. Eu já sabia a letra de cor. Porém peguei um pedaço de papel e fingi que precisava ler a letra pra poder cantar. “It starts to my toes and I crinkle my nose wherever it goes I always know that you make me smile please stay for a while now just take your time wherever you go”. Tinha escolhido justo aquela letra pra representar todo o meu amor pelo Victor, já que ela estava na nossa playlist de quando nos vimos pela última vez. Ao terminar de cantar, queria que alguém tivesse filmado pra poder mostrar pra ele. Mas não, nenhuma filmagem. Nenhuma câmera. Olhei para o celular de novo e ele tinha dito que me amava. Sorri.

5 de novembro de 2011
Acordei em desespero naquela madrugada. Tinha sonhado com o Victor nos braços de outra. Não conseguia identificar quem era a menina. Mas aquilo me assombrava. Procurei meu celular entre os lençóis pra ver se alguma música me acalmava. Reproduzir aleatoriamente. Play. "Porque toda vez que você sai, parte de mim também se vai, isso não é normal". Droga. Ouvir aquele trecho me assustou, é claro que estávamos tudo bem, mas eu tinha medo daquilo mudar. Tinha medo de sofrer novamente, de ter que correr atrás e de ser atingida. Mas acho que ele não seria idiota a esse ponto. Tentei me impor contra os pensamentos negativos. Nada. Limpei a mente. Memórias felizes. Pensei na cor dos olhos castanhos dele. Ai lembrei dela dizendo que viu ele, que estava feliz. Não importava, se fosse algo bom ou ruim, o Victor sempre era a resposta pra o que eu estava pensando. Algo nele era atrativo. Algo como um lobo vestido na pele de um cordeiro. Ficava sem fôlego só de pensar pois aquilo me excitava. Mas que idiota, pensei. Sou uma idiota. Melhor, trouxa, como fui chamada pelos meus amigos. Mas eu não sabia viver sem ele. Só vivia de amor se fosse com ele. E já dizia os romancistas mais renomados, nem toda história de amor tem final feliz. Lembrei de Romeu e Julieta, Sr. Darcy e Elizabeth, Catherine e Heathcliff. Droga, meu livro ainda está com ele. Mas só nele encontrava todas as histórias escritas resumida em nós. A paixão ainda ardia dentro do meu peito. Por mais complicado que fosse, era inexplicável. As coisas só se encaixavam com ele ao meu lado. Eu estava doente. Doente de amor. Olhei para a tela do celular que brilhava na escuridão do meu quarto. Era ele. "O que eu posso fazer pra compensar tudo?", eu respondi: "me ame, é tudo o que precisa fazer". Desliguei o celular e tentei dormir, tudo estava bem.

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