"Quer trabalhar na Vogue?" Não, obrigada.

Cena de "O Diabo Veste Prada"

Se ainda não leram, leiam essa matéria da Vogue Brasil. Qual foi a primeira coisa que passou pela cabeça de vocês após as seis dicas dadas por Daniela Falcão (diretora editorial da Editora Globo Condé Nast), Barbara Migliori (diretora de moda da Vogue) e Silvia Rogar (editora-chefe da Vogue) para trabalhar em uma das principais revistas de moda do país? Na minha, passou um "não, obrigada" gritante!

Como se não bastasse "saber se maquiar e fazer as unhas sozinha", "flexibilidade física e emocional" e "dormir apenas cinco horas por noite" também são pré-requisitos para trabalhar na publicação. Ah, fora isso você precisa "se multiplicar e ser multitasking", além de "gostar de tirar selfie com os outros". A sexta dica é "ter boa memória e bom humor", coisa que você jamais vai conseguir se cumprir todas as outras citadas anteriormente - a não ser que seja um robô.

Em tempos em que veículos de comunicação e empresas em geral estão mudando seu quadro de horários e refazendo suas rotinas com mais flexibilidade, diversão e descontração (em alguns países a carga diária foi reduzida para seis horas e os funcionários tem rendido muito mais, e escorregadores com piscinas de bolinha não são mais uma novidade em locais de trabalho, viu?), até mesmo com profissionais trabalhando de casa, o posicionamento da revista em relação ao dia a dia de suas funcionárias é realmente revoltante.

A Vogue sempre foi meu sonho como jornalista, como amante da moda, como aspirante das profissões que unem essas minhas duas paixões. E vai continuar sendo. Pra vida real eu quero não só ser feliz trabalhando, como também quero ter tempo pra mim, pros meus gatos, pra minha família, pros meus amigos, pra uma cervejinha, pra me inspirar, pra olhar pro céu, pra bater papo, pra ver série, pra fazer yoga, pra uma festa (caso eu queira), pra fazer a unha (caso eu queira), pra tirar selfies (caso eu queira) e pra dormir direitinho e cuidar da minha saúde porque essas, sim, são as minhas prioridades.

"É preciso jogar bem nas 11 posições, resumiu o time." - se for realmente essa a realidade da Vogue, eu prefiro não fazer parte nem do time reserva.

Por Leyda Torquato

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