Sobre(viver): Capítulo 13



20 de novembro de 2011
Ainda não tinha conseguido falar com o Victor mas eu me apegava aquela certeza que desde ontem tinha brilhado em mim. Ele disse que nunca me deixaria, pelo pior que acontecesse. Eu não me importava com o resto, naquela época, eu tinha isso como certeza. Por isso, estava disposta a ter isso como prioridade de novo. Eu queria distância da distância e o único defeito que eu via naquele instante era ele não me pertencer. Comecei a olhar para as estrelas que cercavam aquela madrugada, elas brilhavam mesmo em plena escuridão e a cor daquele céu me lembrava o Victor. Os olhos brilhantes dele ao me ver. Ao estar comigo. Meu coração começava a acelerar. Era legal estar esperançosa assim novamente. Ter um alívio em plena dor e eu queria poder compartilhar aquilo com ele.
Para ser perfeito, eu não precisava de muita coisa. Precisava do Victor. Comecei a sonhar. Sonhar com os lábios dele e o seu sorriso encantador. Já dizia Fresno: é difícil esquecer alguém que lhe deu tanta coisa pra lembrar. O sol logo mais nasceria e a cada nova luz solar, o meu dia renasceria sem medo. Eu iria ter o Victor, custasse o que custar. Pelo menos, era o que eu pensava.

02 de agosto de 2010
As voltas as aulas, nos permitiam andar sem o uniforme pelos corredores do colégio. Todo mundo cochichava entre as aulas como foram as férias e comigo não era diferente. Eu estava cercada das minhas amigas novamente e tinha feito questão de trazer um presente pra cada uma delas. As que não eram muito próximas, mas que pertenciam ao grupo no qual “eu participava” se sentiam enojadas de ouvir as minhas histórias e se sentiam inferiores por não ter trago nada pra elas. Grande parte do colégio, sabia que eu tinha viajado e por isso, muita gente que eu nem esperava começou a aparecer querendo ser meu amigo. Entre um intervalo de uma aula e outra, me isolei no meu lugar favorito, a sacada do banheiro próximo a biblioteca, quando de longe avisto o Pietro se aproximando. Ele se parecia com um índio moreno por conta dos seus cabelos lisos e sua face. Mas ele nem era parente ou próximo de algum indígena. Ele era da sala inferior que a minha e nos conhecemos por causa que a irmã dele me convidava para sua casa direto. Eu estava lendo The Last Song, um livro do Nicholas Sparks que tinha feito especialmente pra Miley Cyrus encarnar a personagem.
- Você anda lendo de novo em inglês? – ele me perguntou
- Sim, mas a história é diferente do filme dessa vez. Ele fez o filme pra depois fazer o livro. – respondi.
- Você parece mais bonita. – disse sorrindo.
- Obrigada, mas se sua namorada ouvir isso, ela irá me bater. – sorri
- Ela não está olhando.
- Engraçadinho.
- Mas como foi de viagem?
- Ah foi legal.
- E arranjou muito namorado por lá?
- Como se eu precisasse disso.
- Tem um amigo me que tá interessado em você
- Ah é? E onde ele me viu?
- Eu mostrei algumas fotos suas pra ele.
- Hmmmm, mas não to interessada.
- Porque não? Nem conhece o cara.
- Porque sim uai.
- Pois vamos fazer um acordo. Você só vai lá e fala com o cara, se você se interessar, tudo bem, se não, deixa quieto.
- Pietro, eu te conheço. Fala logo o que você quer.
- Tá, a Nadhyla não gosta que eu ande com você nem que você fique indo lá em casa mesmo pra ver a minha irmã. Meu amigo se interessou em você e pensei em dizer pra ela que vocês estão saindo ou se conhecendo.
- E?
- E ele nunca teve uma namorada. Te achou muito bonita mas acha que você é demais pro caminhãozinho dele. Ai pra você continuar falando comigo, você finge que tá interessada nele e ilude o coitado. Saímos ganhando o dois, já que não quero que ela arranje confusão com você aqui na escola.
- Não.
- Af Louise.
- Tchau Pietro.
Me retirei dali porque não podia aguentar mais uma palavra da boca do Pietro. Como assim ele queria que eu fingisse que gostava de alguém só pra agradar o coitado do menino que nem conhecia e a namorada dele. Eu me sentia usada ali.

Olhei de novo pra tela do computador e não acreditava no que estava vendo, o Victor tinha de novo trocado o status pra outro nome e ele já tinha terminado com a Jaqueline. Que idiota. Que raiva desse garoto. Ele poderia pelo menos esperar um pouco, mas ele já fez isso.

Início da conversa com Murilo
Murilo: Oi
Louise: Oi
Murilo: Tudo bem?
Louise: Tudo e com você?
Murilo: Também, já te disseram o quanto você é linda?
Louise: Acho que já rs
Murilo: Você é muito linda
Louise: Obrigada. Mas quem é você?
Murilo: Eu sou o Murilo
Louise: Isso eu sei, tem seu nome no seu email, Mas da onde?
Murilo: Ah, eu sou do Dom Bosco. Da Nova Imperatriz. Da onde você quiser.
Louise: Que engraçadinho
Murilo: E você?
Louise: Estudo no CADI, sou da Vila Lobão.
Murilo: Hm
Murilo: Você tem que idade?
Louise: 15 e você?
Murilo: 16
Louise: Hm
Murilo: Você é amiga do Lucas?
Louise: Sou
Droga, amigo do Lucas.
Louise: Por que?
Murilo: Porque ele é o meu melhor amigo
Louise: Ahhhhh
Murilo: Posso te chamar pra sair?
Louise: Pode
Murilo: Quer sair comigo?
Louise: Não
Murilo: Mas você disse que podia...
Louise: Disse sim mas não que ia aceitar
Murilo: Droga. Me passa teu telefone.

Início da conversa com Guilherme
Louise: Oi
Guilherme: To saindo
Louise: Mas já? Nem nos falamos desde que chegamos.
Guilherme: Desculpa, mas outra hora nós conversamos.
Guilherme está off-line

Início da conversa com o Pietro
Louise: Me passa o email desse menino. Eu estou cansada dos garotos, tá na hora de me vingar. Mas quero algo de você.
Pietro: O que?
Louise: Você vai ter que me ajudar a ser sem coração
Pietro: Mas eu não sou mais isso, ela me transformou
Louise: Você ainda é, se não, não estaria me pedindo pra fazer isso com o seu amigo
Pietro: Ok

E lá estava eu, tentando ser a única coisa que nunca pensei em ser, uma sem coração.

18 de novembro de 2011

Realmente eu não conseguia não me importar, mas eu sabia fingir muito bem. Pelo menos era o que eu tentava. A janela do bate-papo do messenger já estava piscando há quase meia hora e nada do Victor aparecer no skype. Decidi, dar atenção a quem me procurava. Era o J perguntando-me se tudo estava bem e se minha vida estava decidida. Menti que sim. Ele me perguntou se eu estava solteira e assenti. Aliás, era o que parecia. Começamos a conversar até que ele me disse algo, que me tocou.
J: Quando eu tiver 90 anos, eu quero olhar pra trás e dizer que amei a cada minuto da minha vida. Inclusive, se amei alguém diferente do que eu queria. Tomei essa decisão hoje pra mim.
Louise: Fico feliz por você. Aqui já é diferente. Sinto que ele me machucou mais do que poderia.
J: Hey...Ele não queria te machucar.
Louise: Imagina se quisesse. Queria que as coisas fossem assim, poder amar várias pessoas. Cada uma com o seu jeito e deixar o passado pra trás.
J: Qual o seu número do celular?
Louise: Você vai sair?
J: Só me passa.
Louise: ok, 99 8167543
De repente, o meu celular toca.
- Oi, quem é?
- É o J.
- Eu não acredito que você tá me ligando. – disse surpresa -Então, já vou salvar seu número.
- Não, não salve. Esse é o número da minha mãe. Eu não tinha crédito e queria muito falar com você. Te dizer que você é uma das garotas mais belas que já vi e não digo de beleza exterior, mais interior. Você é linda, Louise e por isso nada pode te deixar abalar.
Eu não queria que aquilo acontecesse, mas já foi. Eu estava me apaixonando de novo. Era na hora certa, pensei. Eu queria dizer ali que já o amava. Amava por ter aparecido na minha vida e por ter me tirado das sombras. Por ter se importado. Mas era cedo demais e grandes expectativas sempre são seguidas de grandes decepções.


31 de dezembro de 2011 - 2011 me machucou muito, mas me fez crescer mais que todos os outros anos..
melhor do que ver um sorriso, é ser o motivo dele. Eu me apegava muito aquela frase: o amor tudo espera, tudo suporta, jamais acaba. Se eu pudesse fazer algo se tornar realidade, eu faria você vir aqui do meu lago agora. a maior virtude de todas é o amor.
A minha memória estava congestionada, mas o Victor sempre teria lugar nela. J: prometa que você será tão doce quanto é; Não me pergunte como estou. Odeio mentir.




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