Como perder o medo de viajar SOZINHA?

19:05

Exatamente no dia 12 de março de 2019, eu terminei o meu noivado e tomei uma das melhores decisões da minha vida: a de transformar a viagem que seria a minha lua-de-mel numa viagem de auto descobrimento e de férias para mim. Eu sei que isso dividiu muitas opiniões, mas eu rio toda vez dessa situação me comparando com a Carrie Bradshaw no filme Sex and The City, quem lembra?

Mas o que eu poderia fazer? As passagens já estavam com data marcada e um intercâmbio praticamente pago. Os únicos detalhes que faltavam era hotel em uma das paradas, seguro-viagem e dinheiro pra extras, como eu poderia dizer não para isso?

Tanto que enquanto eu lembro do exato momento em que disse pra minha mãe que não ia ter mais casamento - enquanto eu chorava pela primeira vez no colo dela lá no sofá de casa - e do seguinte diálogo:

"Então você não vai mais viajar?"
"Eu vou sim"
"Sozinha?"
"Vai ser no mês do meu aniversário e eu já paguei por tudo, eu não vou deixar que isso estrague"
(acho que naquele momento ela não acreditou muito que eu iria mesmo viajar - acho que ninguém acreditava em mim quando eu dizia - mas como todo mundo já sabe, eu fui)


Euzinha com a cara e a coragem no aeroporto de Cumbica minutos antes de encarar mais de um mês de viagem (SOZINHA)

Claro que no início eu fiquei super animada com tudo isso. Desde agosto de 2018 eu tinha começado a pagar (para mim e para o querido ex) o intercâmbio que tanto seria a nossa lua-de-mel porque vimos que era a opção mais barata de viajar e explorar um lugar quanto seria a realização de um sonho que eu tinha desde os 10 anos de idade.

As passagens compradas na Black Friday foram o resultado de quase dois meses inteiro fiscalizando todos os sites pra ver se não ia ser enrolada ou se acharia uma passagem mais em conta. Além disso, antes de ir pro destino final tinha uma parada de quase 5 dias em New York - o destino dos sonhos. Me responda de novo: como eu iria dizer não pra isso tudo? Foram quase dois anos economizando e ainda faltavam quase seis meses pra terminar de juntar a grana que faltava.

MAS... 

Nem tudo parecia se encaixar, sabe? Nos primeiros momentos eu contava pra todo mundo essa "loucura" que ia fazer. Porém, com o passar do tempo tudo parecia exatamente o oposto do que eu queria. O problema não era que eu ia gastar mais do que a metade do que paguei no intercâmbio num hotel em NYC por menos de uma semana mas que não fazia sentido eu vivenciar aquilo sozinha já que eu tinha planejado junto com outra pessoa.

Eu repetia pra mim: "se eu tivesse escolhido sozinha, eu teria feito tudo diferente", "eu teria escolhido outro país, outro destino", "eu passaria mais tempo", isso e aquilo. BULSHIT! Eu começava a dar desculpas pra uma coisa que era apenas o medo me dominando.

A verdade é que por muito tempo eu deixei de fazer as coisas que eu gostava por medo. Sim, eu morria de medo de viajar sozinha. Até parece que a menina que já cruzou quase o país inteiro, já foi pra fora e que sei lá sempre quis viajar, tinha medo disso.

Talvez não tenha sido medo de viajar sozinha, mas talvez eu sempre escolhia querer ter companhia ou não sair da gaiola que eu vivia.

Como assim?


Exatamente há dois anos atrás, eu descobri que tinha quase que o dinheiro o suficiente pra fazer um intercâmbio e que eu conseguiria sim arcar com tudo. Ou até mesmo de fazer a tão viagem sonhada pra Londres e Paris. Mas eu tinha um namorado sabe? E quando ás vezes a gente namora, a gente é burra o suficiente pra não enxergar as coisas. Ele não tinha dinheiro pra ir e você quer fazer as coisas com a pessoa, porque vai ser melhor e blá blá blá. Além disso, eu ir sozinha? HAHAHA, nunca que eu poderia ir sozinha. Ele dizia. Mas mesmo antes de ter ou não um namorado, eu sempre ficava naquela: "nossa, quem vai tirar as minhas fotos?", "viajar só deve ser um saco", "como se divertir sozinha?", "e se acontecer alguma coisa, pra quem eu vou recorrer?", "é perigoso, ainda mais sendo mulher...".

Foi quando em um dado momento, eu decidi gastar esse dinheiro da minha tão viagem internacional e com ele me dizendo: "VOCÊ NÃO VAI SÓ" com todo aquele drama, que eu acabei decidindo de última hora viajar sozinha pra outro estado - no caso Minas Gerais - que sempre quis conhecer e pra uma semana de moda que mudou a minha vida. Foi definitivamente a primeira vez que fui sozinha pra um lugar completamente desconhecido tudo por minha conta e com apenas a vontade de querer sair da gaiola. Eu finalmente era um pássaro livre.


Ah que saudades de Belo Horizonte <3 font="">

Ps, vou sempre pra SP sozinha, porém não conto lá como grande coisa porque enfim, morei lá e eu meio que conheço cada parte de lá. 

O resultado


Pela primeira vez em muito tempo, eu me senti inteiramente bem comigo mesma. Eu percebi que pra viajar, a única companhia que eu precisava era a minha companhia. Eu refleti muito nessa época e falei que não ia cometer o mesmo erro, que eu não ia deixar os outros nem nada decidir a minha vida. Então, quando eu falei naquele dia 12 de março pra minha mãe que ia encarar sozinha tudo aquilo, eu tava dando o primeiro passo para ter finalmente o controle da minha vida.

Se eu me desesperei e fiquei ansiosíssima debatendo isso na terapia? SIM! Como eu disse, aquilo seria a minha lua-de-mel. Mas como a minha psicóloga sempre me dizia: você lutou por isso e pagou por tudo, agora basta viver. E é bem isso. A gente sempre quer as coisas, mas sempre coloca empecilhos pra não fazer o que queremos.



Queremos viajar mas dizemos que não temos grana. Então, que tal começar a poupar dinheiro pra realizar esse sonho? Ah, mas não tem ninguém pra tirar as nossas fotos durante a viagem e agora? A coisa mais fácil de você conseguir fazer numa viagem é tirar fotos, principalmente em lugares turísticos. Quantas selfies eu pensei que ia ter no meu celular durante essa viagem, principalmente em NY e na verdade eu tive as fotos mais incríveis possíveis tiradas por outros turistas que: a) eu oferecia pra tirar foto deles primeiro e depois eles se ofereciam pra tirar as minhas; b) tripé tá ai pra isso e c) vai na cara e na coragem, pede pra vários tirarem suas fotos até uma foto servir. 

Ah, mas viajar sozinho é perigoso. Pode até ser viajar perigoso, mas viver no mundo independentemente de onde você esteja é perigoso. Eu lembro de ter lido no final do ano o relato de uma menina que foi pra Paris e no início ficou com medo de ter ataque terrorista no ano novo mas no final ela falou: "se for pra eu morrer hoje, iria acontecer em qualquer lugar". Claro, que a gente tem que tomar precauções porém não é um bicho de 7 cabeças. E somos brasileiras, a gente já tem o Brasil como escola preparatória.

Deve ser tão ruim não conhecer ninguém durante a viagem... É aí que tudo em sua vida pode mudar, juro. Só no aeroporto em SP eu conheci uma amiga que era modelo que tava indo pra Dubai e como meu voo atrasou conversamos por horas. Aproveitei e entrei num grupo de pessoas que também iam pra NYC e descobri gente que estava indo na mesma época e podemos trocar figurinhas. Aliás, ouvi dizer que quem fica em hostel consegue conhecer gente do mundo inteiro. Fora que no intercâmbio, não ter ninguém comigo me deu a oportunidade de sair da panelinha e fazer amigos do mundo inteiro.

Eu só sei que é bem normal ficar com medo, mas acho que se for algo que realmente queremos, precisamos parar de dar desculpas e começar a aproveitar a nossa própria companhia. É enriquecedor viajar sozinho e quando isso ocorre, você se sente mais preparada pra vencer qualquer obstáculo. Depois desses 39 dias viajando, eu mal espero a hora de passar mais tempo fora e de ter novas lições.

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