SOBRE(VIVER): Prólogo

Fazia um bom tempo que venho escrevendo uma história e nunca tive ao certo a coragem de publicá-la ou mostrá-la pra alguém, assim como a maioria dos meus textos. No entanto, após uma série de amigos começarem ler algumas coisas que tenho trabalhado, me perguntei: "porque não publicar?" e na dúvida entre postar aqui ou lançar um livro, acabei conversando com um leitor do blog (e amigo, aka Rafa) que me deu maior apoio pra postar aqui e decidi divulgar toda semana, um pedaço do que tenho escrito em forma de dias aleatórios. O nome do enredo é Sobre(viver) por motivos de: é uma história sobre duas pessoas que queriam apenas amar mas no ponto de vista de somente uma delas. Ela é o meu xodó e to torcendo aqui pra que ninguém se perca e que várias pessoas leiam a história e claro, gostem dela. Espero mesmo ver os comentários de vocês sobre ela! Por isso confira o prólogo dela abaixo:


Antes de qualquer coisa, os personagens queriam apenas amar. Bem, pelo menos era o que eu queria. Entretanto, se eu soubesse o que esse verbo poderia fazer, eu teria me resguardado em um castelo imaginário. Só assim, ninguém sairia machucado.

2007

Existe uma estúpida história que sempre os pais contam pra garotinhas sobre uma princesa que passa por grandes apertos, é resgatada pelo Príncipe Encantado que a beija com todo o seu amor verdadeiro e eles vivem seu feliz para sempre. É claro, que quando uma menina escuta isso repetidamente em várias histórias ela também irá sonhar com o seu final do conto de fadas perfeito. Bem, eu sonhava com o meu.

Eu me chamo Louise, sou filha de pais separados e pra fugir das perguntas e dos colegas que tinham os pais dentro de casa, eu me isolava. Se você está se perguntando se eu era uma zé ninguém, a resposta é não. Eu tenho muitas amigas, mas quando estamos no oitavo ano com aulas em ambos os turnos, é difícil você ter tantas meninas ao seu lado já que pra elas seria bem mais fácil estudar de manhã do que a tarde como no meu caso. Mas apesar disso, eu tinha a companhia do Mateus.

O Mateus é aquele menino desejo de consumo de qualquer garota. Alto, loiro, corpo atlético, inteligente, popular. Descrever ele é como descrever esses astros de televisão pois chamava atenção por onde passava. Nos conhecemos desde pequenos por causa das nossas mães que eram melhores amigas. Vivíamos a brincar e dormíamos um na casa do outro. Crescemos juntos e até nossos irmãos mais novos eram próximos, já que estudavam na mesma sala. Como ele morava na rua de cima acabávamos indo pro colégio juntos, éramos ainda mais inseparáveis. Exceto pela parte que ele estudava uma série a menos que eu.

É claro que com o passar do tempo, com os hormônios da adolescência a todo o vapor, eu me apaixonei por ele…

Eu, a menina de aparelhos com cabelos crespos que ninguém notava e que nunca fui beijada, logo fui me apaixonar pelo meu melhor amigo e que tinha namorada. Acabei guardando esse segredo por muitos meses, até que um dia falando sobre garotos com a Denise, disse que nunca tinha beijado ninguém. Ela me questionou qual dos garotos eu queria beijar e eu disse o nome dele. No outro dia, a história tinha vazado para todo o colégio. Inclusive para o Mateus.

Ao nos depararmos ele disse que achava fofo e que gostava daquilo, mas não tocamos mais no assunto.

(…)

Era 12 de junho, quando ele comprou um chocolate pra mim e disse que esperava o momento certo pra que tudo acontecesse entre nós, pois não queria perder a minha amizade caso não rolasse. Ele já estava solteiro novamente nessa época. Aquele gesto pra mim era um sinal de amor. Toda aquelas palavras rolava como um filme nos meus pensamentos. Na minha cabeça ele só poderia ser um anjo e ele estava disposto a ficar comigo.

O último dia de aula chegou e ele apenas dizia que gostava de mim, mas nada acontecia. Aquilo me matava por dentro. Com as férias acabei viajando pra capital, que era onde meu pai estava morando por causa do trabalho e ao acessar o Orkut, que nessa época que era a rede social mais acessada, lá surgia o novo status de relacionamento do Mateus: namorando. Lembro de ter chorado horrores e fiz minhas férias todas serem um saco por esse fato. Não nos falamos sequer uma vez, acho que por raiva minha e vergonha dele. Por coincidência, um dia indo almoçar com meu pai e minha irmã acabei topando com ele e sua família, que estava viajando para curtir a praia na Ilha do Amor. Mas ele apenas sorriu sem graça e eu retribui o sorriso bem falsamente.

Agosto/Setembro de 2007

As aulas recomeçaram e parecia que eu estava diferente, já que era a vez dos garotos repararem em mim. Era estranho tudo aquilo. Como qualquer pessoa sã por amar o seu melhor amigo, voltei a falar com o Mateus e contei sobre a respeito de vários meninos terem se interessado por mim e ele apenas me aconselhou pra não cair na deles. Foi quando um amigo dele começou a me escrever bilhetes e ele começou a brigar feito louco comigo. No momento eu não entendia nada, mas ele parecia estar com ciúmes.

Foi quando a Hanessa me ligou dizendo que o Mateus tinha terminado com a Milena (a tal namorada dele) e que ela estava arrasada e que não conseguia parar de chorar, pois elas estudavam juntas. Eu fiquei surpresa com aquilo e fui falar com ele, a menina por mais que eu não aprovasse, era uma garota legal. Mas ele apenas me entregou um envelope e pediu pra que eu lesse. Nesse envelope continha minha primeira carta de amor. Pelo menos era o que eu achava.

“Querida Amelia,

Quando você começou a me contar sobre outros garotos, eu ficava intrigado. Eu não gostava de ouvir aquilo. Sei que depositei esperanças em você e no final acabei ficando com outra. Mas quando o Jean começou a dar em cima de você e eu vi você corresponder, era como se eu tivesse te perdendo. Comecei a te desejar e você parecia nem ligar pra mim. Foi ai que percebi que não poderia mas continuar com o meu namoro. Desculpa ter brigado com você, fiquei com ciúmes. Se você ainda quiser falar comigo, me encontre no nosso lugar secreto.

Com amor, Mateus.”

No intervalo, corri para o nosso lugar secreto. Era a biblioteca. O lugar mais calmo e que poucas pessoas frequentavam. Achava ridículo o fato das pessoas não gostarem de uma boa leitura, mas nem me importava porque ali era o nosso lugar. Ao me deparar com ele, ele abriu um sorriso ao me ver e me puxou pra perto…

Seus lábios tocaram nos meus e eu estava perdida. Não é como os livros e filmes mostravam, não foi perfeito. Foi algo rápido e sem graça, coisa que só percebi depois de um tempo. Contudo, no momento estava perfeito. Soltei até aquele livre suspiro de: finalmente, eu consegui. E ele disse: quer namorar comigo? E eu retribui o beijo.

Um mês depois ele estava terminando comigo e eu chorava porque não sabia o que tinha feito de errado. Ele tinha voltado pra ela e eu fiquei sem chão.

Foi nesse instante que conheci a Alessandra: a menina que iria ajudar a mudar a minha vida. Ela era loira, dizia ser mais alta que eu, do interior de SP, viciada em High School Musical e photoshop que nem eu e começamos a conversar por um chat no MSN de pessoas que usavam flogvip. Ela tinha fingido estar doente por já ter se prolongado uma grande conversa no chat e eu fui perguntar pra ela o que tinha acontecido, mas ela me disse que era apenas mentira. Perguntei a ela se ela tinha um minuto pra me ouvir, pois precisava desabafar e de repente, me vi contando tudo pra ela. Ela tinha uma história parecida com a minha, um amor não correspondido. Mas no caso dela, ela ainda estava na primeira fase: a de não ter sido beijada. Dizem que o que traz a união de mulheres são amores não correspondidos. E assim a sorte, começou a estar ao meu favor. Ou não.

Um comentário:

  1. Já estou aguardando o restante...
    (esse nome Matheus foi como uma
    bomba durante minha leitura, algo particular)

    Já estou gostando! bjs


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