Sobre(viver): Capítulo 17
19 de novembro de 2015
21:21. Horas iguais. Faço um pedido. Peço pra que a vida continue me trazendo coisas boas. Dou play no celular. You de The Pretty Reckless começa a tocar. Fazia um tempo desde que não ouvia a música. Pra ser exata em 2012. Que ironia era essa que o destino me pregava? Olho para o celular confusa mas percebo que é 19 de novembro. De repente tudo começa a girar como num filme e apesar de ter pensado no lançamento do penúltimo filme de Harry Potter - relembrando toda aquela trajetória e a morte do pobre do Dobby, foi no Victor que o meu pensamento foi mais além. I can't have you like you have me... Será se esse refrão era ainda verdade? Fui o mais rápido que pude no Facebook e digitei: Victor Takehisa. A última atualização era de alguns dias atrás, onde a publicação era uma foto provavelmente tirada dentro de uma gruta. Respirei fundo. Ok, não era nada demais. Foi só um filme bobo rodado na minha mente. As memórias já não doíam tanto. Na verdade, era só uma falta qualquer. Falta de alguém que foi ou é especial. Afinal, tanto já se passou...
29 de setembro de 2012
Depois de finalmente conseguir me acomodar na poltrona do avião, vasculhei a minha bolsa e procurei o envelope que o Robert tinha me entregado ainda mais cedo lá no táxi enquanto ele, juntamente com a minha mãe e uma das minhas amigas - a Verônica - cuja amizade tinha feito na universidade, percorríamos o caminho até o aeroporto para a minha futura e próxima despedida.
Via um pouco de água respingada que significavam lágrimas e tentei me conter ao tirar o papel que continha ali. Comecei a ler:
"Louise...
Nós nos conhecemos há pouco tempo mas nesse curto período em que convivi contigo já deu pra perceber que você é a garota que eu mais gostei e que chega ao ponto de eu te dizer que eu te amo - e você pode ter certeza que eu não falo isso da boca pra fora. Quando eu falo que te amo é realmente de coração. Eu nunca falei isso pra ninguém. Então eu tenho a absoluta certeza que eu achei a pessoa que eu amo eu não vou deixar você sumir assim fácil da minha vida. Não importa a distancia que exista, vamos tentar estar juntos. Você é a mulher que eu amo e eu não quero te perder de jeito nenhum. As minhas manhãs, tardes e noites não serão mais as mesmas já que me apeguei a você. Vou sentir falta do seu sorriso encantador e apaixonante, de você me zoando (haha!) e do seu beijo gostoso, do seu carinho e desse jeito meigo teu. Pode ter certeza que eu irei ate o fim por você. Você diz que vai ter um monte de meninas que vão cair matando em cima de mim mas aposto que nem se compara com o monte de moleque que deve aparecer na tua porta. Mas nada disso importa pra mim porque eu já tenho quem eu sempre quis. Eu prometo que vou fazer tudo e até mais do que o meu alcance pra eu te ver de novo. Eu tenho certeza que vai dar tudo certo entre a gente. Eu sei que a gente tem apenas uma semana de namoro, mas te prometo que o que a gente sente não vai sumir de um dia pro outro e que nosso amor não vai acabar. Eu acredito que o que esta acontecendo é por um propósito e que nosso amor vai ultrapassar barreiras. Tudo o que eu disse nessa carta não é da boca pra fora. I mean every single letter and word from this letter!
Eu te amo muito…
Robert."
Tentei segurar as lágrimas mas consegui resistir. Afinal, a dor não era apenas de estar partindo pra longe do Robert, era de ver o Victor mais uma vez longe de mim. A madrugada tinha sido preenchida por ele e ver o Robert me prometendo tudo aquilo era tão complicado. Eu não queria que ele me prometesse nada. Eu não queria que ele me fizesse ficar.
21 de abril de 2015
"Meu Roberto, falo assim como se você ironicamente fosse meu... Eu queria te dizer que eu não sei mesmo por onde isso começou e me perdoe se isso ficar confuso. Não que eu irei te mandar essa carta ou dizer que é a última vez que te escrevo ou que tento em vão dizer como me sinto porque talvez no próximo segundo eu já me arrependa. Mas lá vai... eu quero simplesmente gritar com você. Te xingar com todas as forças e te odiar como nunca odiei ninguém. Você não sabe quantas vezes nessa semana eu já quis fazer isso mas só de te ver, eu não consegui. Por esse fato eu adore tanto escrever pois aqui consigo expressar pelo menos 1/4 dos meus pensamentos e fico aqui nesse mundo submerso. Você é um idiota, sabe? Eu também sou. Afinal, quem de nós não é? Mas você me machucou e me machuca cada vez que preciso olhar nessa sua maldita cara. Me sinto presa ao nosso pós-término onde você não sabia como me dizer que não queria nada comigo e ficou preso nas suas intermináveis palavras. Você diz que me ama mas que precisa de um espaço, que o que você sente é realmente amor e ai eu não consigo entender como esse tal amor consegue ser tão confuso assim? Olha, eu já vivi o amor e posso ter a certeza que por mais que ele pareça dar milhões de nós, o laço é muito simples de fazer e muito difícil de ser desfeito.
Eu lembro de estar sentada naquele banco na sua igreja e você dizendo que me amava, poucos minutos antes de você me apresentar pros seus amigos como sua amiga. Logo ao ouvir isso tirei aquele terrível salto que apertava tanto os meus pés, que tinha colocado só porque você gostava e comecei a correr. Correr pra bem longe de você pois comecei a ficar com nojo. Você começou a me seguir, pois deu pra perceber que você me seguia com os faróis mesmo que baixos do carro. Entrei naquele beco que tinha a certeza que você não conseguiria passar só pra ver se você desaparecia. Mas não adiantou já que no dia seguinte eu precisava te encarar na aula. E foi assim, dia após dia. Você teve todas as oportunidades de consertar aquilo, de reparar o erro mesmo que ainda eu não esteja esperando mais. Mas você só me lotou com mentiras, mentiras e mentiras. Eu não chorei por você e nem vou. Faz tanto tempo que eu não sei nem o que é isso. Acho que desde que finalmente eu tive um ponto final com o Victor, não consigo mais ser afetada por ninguém.
Você é como uma avalanche. As sensações que você desperta em mim é fora do comum. A raiva é inexplicável e nem venha dizer que me ama novamente. Não adianta tentar me cercar e ficar dizendo pra eu te esperar resolver suas ladainhas porque amor não é assim e eu não estou afim de ficar. Então pare de dizer algo que nem você mesmo acredita porque já dizia Manu Gavassi: "não precisa mais provar, me machuca ver você tentar, suas desculpas eu já decorei e não ficou mais fácil pra mim"."
19 de novembro de 2011
Começo a escrever mais uma vez...
“Ás vezes eu paro pra pensar o quanto a nossa história se
parece com uma mistura de filmes, só que bem melhor. Uma típica e velha
história de um menino e menina que se conhecem, se apaixonam e vivem felizes
para sempre. Talvez esse final que acontece em filmes seja a continuação do que
já vivemos, mas por mais que o nosso amor seja o melhor de todos, demos um duro
e tanto pra chegarmos até aqui. Ninguém nos disse que seria fácil ter um amor a
distancia, mas também não nos disseram que seria impossível. Nesses encontros e
desencontros que tivemos, estamos prosseguindo com a nossa historia, a nossa
vida e com uma certeza maior ainda, nós nunca chegaremos a um ponto final.
Flash: Nos conhecemos. Ficamos amigos. Compartilhamos nossa
historia. Viajamos. Tentamos esconder o que tinha acontecido nas férias. Nos
distanciamos. Algumas vezes no meio dessa distancia nos falamos. Na maior parte
sequer trocávamos uma palavra. Curtimos a vida. Um dia, eu resolvi te ouvir e
voltamos a nos falar. Descobrimos que eramos totalmente apaixonados um pelo o
outro. Estávamos juntos. Começamos a namorar. Vimos seu esforço de tentar vir
me ver. Não conseguimos nos ver em dezembro. Encaramos a distancia. Esperamos
que em janeiro com a minha morada em seu estado facilitasse isso e conseguíssemos
passar o resto das nossas férias juntos. Ano novo. Passagem comprada. Proibição
do meu pai de poder falar contigo. Tentaram me afastar de ti e você me ajudando
a ser forte. Você dizendo que ia me salvar, sendo assim o meu príncipe.
Sofremos com a minha não morada perto de ti. Conseguimos o apoio da minha mãe.
Houve choros. Tivemos nossas primeiras brigas. Nossas crises de ciúmes. Nos
resolvemos. Embarque imediato. Nos vimos. Tivemos nosso primeiro beijo. Saímos.
Passeamos. Viajamos. Voltei pra casa. Você comprou a passagem pra cá. Tomamos uma
decisão importantíssima. Na verdade duas: uma em Campos do Jordão e uma ao
chegar em casa. Minha mãe começou a ficar contra a gente. E ai nossas famílias e
amigos começaram a nos colocar um contra o outro. Cortaram nosso tempo.
Burlamos as regras. Imos e fomos contra tudo e todos. Conseguimos nos ver
novamente mesmo quando mal nos falávamos, pois eu sequer tive acesso a um
celular ou a internet nesse tempo. Nos amamos e nos amamos. Esquecemos de todo
o mundo la fora. Tivemos uma surpresa repentina. Sofremos e nos alegramos.
Tivemos que nos despedir novamente.
Houve mais choro. Medo. Inseguranças surgiram. Começaram brigas e mais
brigas. A cada briga, chegávamos ao fim,. Íamos e voltávamos. Nos distanciamos.
Nos culpamos. Nos agredimos. Chegou as férias. Não conseguimos nos ver. O amor
parecia estar acabando. Omissoes, amizades, redes sociais, saídas. Era cada um
por si. Parecia só ilusão. Voltamos a nos entender. Tivemos a noticia de que
nos veríamos de novo. Brigamos menos mas as duvidas ainda existiam. Chegou o
grande dia. Nos desencontramos. Quase que não nos vimos. Passamos um sufoco.
Nos vimos. E parecia que tudo estava dando certo. Cada um fez a sua parte e fez
com que a gente conseguisse se ver mais uma vez. Deu certo. Já na outra, nos
desencontramos. Quase que terminamos. Eu fugi pra te ver e você matou sua
primeira aula. Ficamos juntos. Estávamos juntos. Estávamos numa boa e eu decidi
voltar. Erro. Não demorou muito.. Voltaram nossas discussões. Distancia e falta
de tempo. Colocamos um fim na ente. Nos amávamos mas estávamos separados. Voltamos
e começou um ciclo vicioso entre idas e vindas.
Porem não importa por quantas vezes nosso caminho se distanciasse ou quantas idas
e vindas tivemos que passar, eu estava sempre com você e você estava comigo. O hoje,
o ontem e o amanhã se descreve em você e eu. Sempre juntos. Tantas coisas, desde
o inicio se opuseram contra nós e tantas pessoas que tentaram dar um fim no
nosso relacionamento. Mas foi tudo sem sucesso. Fomos abalados inúmeras vezes,
contudo permanecemos aqui. Nada foi capas de nos fazer desistir um do outro,
nem do nosso maior sonho que é de estar juntos. Nada. A nossa historia está
apenas começando, eu sei... por mais que ainda possamos nos desentender, pesarmos
que estamos de novo no fim, nada mudara ou afetara o nosso para todo o sempre. Pois
eu sei que um dia, que não seja tão longe assim – eu imploro, quando estivemos
na nossa varanda olhando para aquele lindo pôr-do-sol que nem o que está
acontecendo agora aqui, olharemos para trás e vamos falar que tudo valeu a
pena.
Com amor,
Louise Takehisa"
Com amor,
Louise Takehisa"
19 de novembro de 2012
Eu definitivamente devo ser a pessoa mais sem juízo no mundo. Toda vez que busco um motivo pra esquecer o Victor eu me encontro mais nele. O choro que escorre na minha pele não prova absolutamente nada apesar de que estou me sentindo como se fosse só mais uma que andou na estrada dele. É tão fácil perceber que eu e ele somos melhores juntos mas não, ele insiste em estar em outros braços agora. Eu ainda quero ele muito. Eu só queria que ele se lembrasse do início. Eu só queria que ele sentisse de novo. Pois quando é amor a gente não consegue inventar uma fantasia irreal. Ele nunca acaba, só aumenta. Disquei o número dele. Recuei. O que eu vou dizer? Dizer que estou aqui implorando pra ele voltar? Não. Melhor não. Apesar dele negar, eu sei que ele está com outra. É perceptível pela nova aliança dele. Inclusive, só porque perguntei ele apagou a foto. Vou esperar. Em outra vida eu sei que vou ser dele novamente, já dizia Jorge e Mateus não é mesmo? Ele não irá escapar de mim porque tudo volta ao seu lugar uma hora.
19 de novembro de 2015
A música acabou. Senti as lágrimas no meu rosto. Eu não conseguia entender mas estava bem claro o que eu sentia. Algo que talvez por quem visse de fora fosse mal interpretado já que ninguém realmente viveu o que eu vivi. Já se passavam cinco anos que o Victor tinha se declarado pra mim. Cinco anos no qual eu achei que realmente teria um conto de fadas mas que não acabou tendo um final feliz com eu e ele vivendo juntos como eu imaginara. Mas foram cinco anos que eu comecei a olhar pra trás e perceber que tudo que eu vivi apesar de ter um destino diferente me fez crescer e amadurecer. Eu estava ali chorando novamente por alguém que nunca mais eu poderia chamar de meu, ressuscitando emoções que eu achava que eu não esperava sentir mas de uma forma tão boa. Uma forma como se tivesse orgulho de tudo que já se passou e de agradecer por aquilo tudo ter acontecido. Mas me deu uma tremenda felicidade por cada um estar seguindo o seu caminho. Ironicamente mesmo se eu não tivesse visto aquilo, eu nem teria lembrado dele. O trecho da música talvez tivesse mentido um pouco porque apesar dele carregar uma parte de mim, eu ainda carrego uma parte dele e isso me faz uma pessoa melhor. Mesmo que não nos falássemos mais, a vida tinha sido boa. Se fosse pra um dia voltássemos pra vida um do outro, iria acontecer. Eu não tinha mais pressa nem anseio.
Meu celular treme. É uma mensagem dele. Apenas sorrio. A vida, sim, é muito irônica.
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