Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar


Demorou, mas a resenha do quinto filme da franquia de Piratas do Caribe finalmente saiu, e o Overdose Trend conta tudo para você! O filme é bom... para a sessão da tarde, para assistir com a família... mas para um fã da saga, é um enredo enjoativo. Algo digno de nota, é que apesar de ser uma franquia, você não necessariamente precisa assistir todos filmes para entender a situação e a complexidade dos personagens.
A película infelizmente peca em muitos sentidos. Vamos começar pontuando alguns defeitos para depois dissecá-los. Começando pela tradução do título, a falta de personagens femininas, neste ponto podemos ainda abrir um leque para a má construção da protagonista feminina, o desandar do que o enredo inicial propunha, e principalmente, o que mais incomodou, a repetição dos roteiros dos outros filmes.


Alteração do título:
O filme originalmente se chama: “Pirates of the Caribbean – Dead Men Tell No Tales”, que em uma tradução literal significa: “Piratas do Caribe – Homens mortos não contam histórias”. Que fique claro, que não estou reclamando que “Vingança de Salazar”, não faça sentido para o enredo que se é proposto. 
O problema é que a frase “os mortos não contam histórias” é repetida inúmeras vezes durante o filme. Se tivesse sido usada uma única vez no enredo, não faria diferença, na verdade, a citação seria bem-vinda como um fã-service que nos remete a uma das frases mais icônicas do primeiro filme. 
Mas, a repetição do bordão começa a ficar enjoativa e perde a nostalgia na terceira vez que é utilizada. Então para quem não sabe o título original, a frase fica sem sentido e parecendo ser jogada nas cenas sem propósito. Agora, se o nome da película não tivesse sido alterado, a repetição da frase faria muito mais sentido, ao invés de dar a impressão de nostalgia demasiada.


Personagens Femininas:
Ou deveria dizer a falta delas? Assim como os outros quatro filmes há falta de representatividade feminina se repete. Carina (Kaya Scodelario), é a única personagem feminina do filme, e isso é um problema gritante! 
Em “Maldição do Pérola Negra”, Elisabeth passa por essa mesma situação, sendo a única garota em barco recheado de piratas. As coisas melhoram minimamente em “O Baú da Morte”, além de Elisabeth somos introduzidos a primeira pirata mulher da franquia, interpretada por Zoe Saldana, que é claro ninguém lembra o nome. 
No terceiro filme, pasmem temos uma deusa (literalmente), Calypso que finge ser Tia Dalma, mas o que somos apresentados é um estereótipo de “Eva” (sim a personagem bíblica). E digo a “Eva” que teve toda sua complexidade reduzida por ser a causadora da expulsão do casal do Éden e também responsável pelo pecado no mundo. Calypso engana Davy Jones e este é condenado a trabalhar para sempre a bordo do Holandês Voador... para piorar a personagem é tratada como uma mulher que se usa da sedução para trapacear e enganar os pobres homens.
Durante, “Navegando em Águas Misteriosas”, temos duas mulheres... que não trocam um único diálogo, embora ambas estejam no mesmo núcleo de personagens e dividam tela inúmeras vezes... Em tese, podemos dizer que em nenhum “Piratas do Caribe” há, mesmo que mínima, alguma representatividade feminina. 
Além da falta de mulheres, o problema piora quando Carina vai de garota inteligente para ingênua em um piscar de olhos. Vamos falar de Carina, quando a personagem nos é apresentada algumas mulheres feministas poderiam ter surtado: “Oh my God! O filme vai abordar a perseguição às falsas “bruxas”, que eram nada mais que cientistas”. Mudamos de ideia em pouco tempo.
Carina, é uma cientista que estuda as estrelas, é uma astróloga. E por causa disso está sendo acusada de bruxaria. Num primeiro momento somos apresentadas a uma personagem forte, que consegue fugir sozinha da prisão e escapar da forca. Mas, então ela conhece o protagonista masculino (que será seu futuro par romântico) e tudo começa a mudar... e a imagem de “girl power” despenca e ela muda radicalmente para uma garota ingênua que precisa ser salva por homens... a todo momento.
Em uma das cenas inclusive temos o estereótipo da “princesa salva pelo príncipe encantado”. Quando Carina está prestes a ser executada, seu futuro par romântico, aparece literalmente do nada, e a salva. A situação piora quando ela embarca com a tripulação de piratas rumo a aventura. Toda vez que Carina aparece em cena os tripulantes fazem piadinhas machistas de teor sexual para cima da garota... que não percebe. Sim, é um filme de piratas, entendemos que personagens deste tipo são machistas e estão sujeitos as piadas de mau gosto, mas custava a personagem (que é apresentada como inteligente) revidar?


O enredo muda de foco:
O filme inicia com Henry indo ao Holandês Voador na intenção de libertar Will Tunner, seu pai, do destino como Capitão do navio mais temido dos sete mares (isso não é um spoiler, está nos traileirs). Ou seja, o foco do filme é a relação pai e filho, e a consequente busca de Henry Tunner (Brentan Thwaites) para salvar Will e restaurar sua família. 
O problema é que lá pela metade do filme os telespectadores já se esqueceram das motivações do protagonista masculino. Esse enredo se perde, quando mudam o foco da “relação pai e filho” e o filme introduz outro núcleo familiar na esperança de preencher o vazio, a falta de motivações da tripulação. 
Com a troca de enredo, nós esquecemos até da existência de Will, ou mesmo que Henry é seu filho... isso sem contar em alguns furos que se tivessem sido preenchidos poderiam ter firmado a “relação pai e filho” de volta ao enredo. Há muitas situações em que o telespectador espera pela entrada triunfal de Will como Capitão do Holandês Voador para salvar o filho dos vilões, mas isso fica a cargo da imaginação mesmo. Porque mesmo no clímax, cena em que se exigia a presença de Will para vermos a maldição sendo quebrada, e momento perfeito para o firmamento do núcleo familiar de Henry, isso não acontece. 


A Repetição e o furos de roteiro:
Vamos começar com os furos de roteiro mais óbvios, como o fato de Jack e Barbosa continuarem exatamente os mesmos. Sério! Passaram-se 20 anos cronologicamente entre o primeiro e o último filme, o que evidenciado pela idade de Henry, o filho de Will e Elisabeth. E eles não mudaram nada, nem uma única ruga. Elisabeth, no entanto, passou de loira para morena de um filme para o outro, vá entender... 
Mas, o que realmente incomoda, não são os furos, mas a repetição de roteiro. O problema começa logo nas primeiras cenas da película quando o novo casal de protagonistas é apresentado ao Capitão Jack Sparrow, que é idêntica ao primeiro filme, com direito a Henry tentando tirar Jack da prisão ou Jack salvando a mocinha de um infortúnio para logo em seguida traí-la... 
O enredo se repete quando as motivações de Henry são as mesmas do Will dos segundo e terceiro filmes: salvar o pai do Holandês Voador. Até mesmo, o núcleo familiar de Carina é idêntico ao da protagonista do último filme. Para piorar até o vilão não consegue fugir das semelhanças. Salazar é literalmente a mistura do Barbosa do primeiro filme, Davy Jones e Lord Cutler Beckett. Sério! Com direito a um exército de mortos-vivos, uma maldição própria e sadismo exacerbado, e o fato de ser um corsário inglês obcecado que caça piratas. 
As semelhanças são tantas que parece que a película é a mistura de todos os filmes passados misturados no liquidificador sem a menor preocupação, com o único intuito de nos entregar um filme exacerbadamente nostálgico para roubar dinheiro dos nossos bolsos. Porque, até mesmo o 3D é mal aproveitado, pois não há uma única cena em que ele se faz realmente necessário.


Os Personagens:
Se você está se perguntando como foi a atuação de Johnny Depp, bom Jack é o único personagem que as esquisitices e trejeitos do ator fazem algum sentido, e nos rendem algumas risadas e simpatia. Ao casal ainda falta a química de Will e Elisabeth, além de uma construção muito melhor de suas motivações: para lá de clichês e repetitivas. 
Barbosa, continua nos surpreendendo e nos rendendo cenas de diálogos muito boas, recheadas de sarcasmo e frases de efeito. Apesar de que sua presença em cena parece servir apenas para criar dinâmica e preencher o vazio que a falta de empatia do trio de protagonistas nos presenteia. Lá pelo final, o roteiro finalmente se lembra de dar a Barbosa uma motivação para estar ali.
O roteiro, infelizmente nos entrega um vilão clichê, mas apesar disto a atuação de Javier Bardem é bastante satisfatória, tanto que toda vez que Salazar aparece imediatamente a cena passa de pacata para eletrizante. Isso sem contar que é por causa das motivações deste personagem que somos apresentados ao passado de Jack e que nos rende a melhor cena do filme, em um flashback visualmente legal e uma ótima batalha em alto mar.


Conclusão:
O filme é satisfatório para assistir em um final de tarde com amigos, mas não vale a ida ao cinema. E se você é um fã da franquia, tenha em mente que o enredo foi feito especialmente para tirar dinheiro do seu bolso. O enredo, é nostálgico, mas se torna enjoativo e previsível já nos primeiros 20 minutos de filme.

Nota: 5,0 (sendo muito gentil).

Por Laura Glapinski Zacca

Um comentário:

  1. Concordo plenamente, me considero um fã da franquia e não consigo aturar esse filme, citando outros furos de roteiro ainda pode se falar de como Jack conseguiu a bússola.
    E sinceramente na minha opinião Jack teve uma participação muito menor no filme como se quisessem tirar dele o papel principal a força, o avanço de tempo foi exagerado e em minha opinião um roteiro em que jack entra em uma jornada para recuperar o pérola negra seria bem mais interessante e talvez faria mais sentido com a ordem dos filmes, afinal no fim do penúltimo filme é retratado o problema do navio estar preso em uma garrafa o que poderiam aproveitar para formular um roteiro bom de verdade
    Nesse filme não retratam tanto a essência do Capitão sparrow.
    Algo que me incomodou E ME INCOMODOU MUITO também foi a troca de dublador pt-br, o novo dublador não conseguiu retratar o personagem e muitas de suas falas mal da pra entender, mesmo após 6 anos do lançamento do filme ainda estou decepcionado, espero que SE Depp voltar a Disney e um novo filme de Piratas do Caribe for feito eles desenvolvam uma trama envolvente e que tragam de volta o Capitão Jack Sparrow.
    Minha nota final para o filme é 4/10

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